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As The Palaces Burn: quando o que era ótimo fica excelente*

*por Alessandro Bonassoli

Lançado há menos de um mês, “End´evour” marca a estreia de As the Palaces Burn, banda que comprova a qualidade da música pesada na região Sul de Santa Catarina. Na primeira audição tive a certeza de que, de Criciúma, Alyson Garcia (voz), Diego Bittencourt (guitarra), André Schneider (baixo) e Gilson Naspolini (bateria) emitem um sinal claro: estão prontos para ganhar espaço não só no Estado, mas em todo o país. Ao final das 12 faixas apresentadas pelo quarteto pensei melhor: voos mais altos são possíveis e prováveis.

O projeto foi idealizado por Bittencourt, ex-Enforcer e Symbolica, grupo cuja base era Urussanga e que, infelizmente, teve a carreira interrompida em função das incompatibilidades geográficas de seus integrantes. O guitarrista não pensou duas vezes, olhou adiante e com Alves, seu parceiro dos tempos do Enforcer, reuniu Schneider e Naspolini (integrante da Mundo Analógico) para apresentar um trabalho complicado para alojar em somente uma das muitas escolas metálicas. Peso e melodia, velocidade e agressividade, vocalização que junta linhas fortes de hard rock e power metal com passagens guturais. Se fosse necessário comparar com alguma banda consagrada, eu diria que Nevermore é um forte e excelente exemplo que, aparentemente, serve como guia. Tinha tudo para dar errada essa mistura de tantas influências. Mas, ainda bem, os caras não conseguiram errar. Ao contrário, acertaram em cheio!

Boa parte do material Bittencourt trouxe do que compôs para aquele que seria o próximo trabalho do Symbolica. Com uma repaginada básica, mas mantendo as raízes do antigo grupo, surgiram maravilhas como “I Tried”, “Turns to Black”, “Incarnate”, “The Absence” e as pedradas “L.E.O.H.” e “The Devil’s Hand”. Prepare-se para ouvir uma série de riffs fortes conectados invariavelmente por solos de alto bom gosto. Importante notar a habilidade de Naspolini, que aqui mostra uma técnica muito mais apurada em relação ao que faz em sua outra banda, cuja pegada é uma instigante mescla entre punk rock e reggae. Sim, algo totalmente oposto à proposta do As the Palaces Burn. Ouça “Gonna be Fall” e “Arcanum” para entender ao que me refiro: variações de ritmo e precisão marcantes.

Para minha alegria, “End´evour” tem a conclusão perfeita: uma das melhores versões já feitas para o clássico “Abigail”, do mestre King Diamond. Garcia soa magnífico ao utilizar seu timbre totalmente diferente do que o autor dessa pérola utiliza. E na hora dos agudos? A possibilidade de qualquer um que não seja King Diamond errar estrondosamente naquele antológico trecho – “I am alive /Inside your wide /Miriam’s dead, I am her head…” – é sempre altíssima. Mas aqui isso não ocorre. Me pergunto como o vocalista soaria em faixas do Mercyful Fate (Garcia, #ficaadica). Para fechar antes de voltar a ouvir As the Palaces Burn: não perca tempo. O álbum está disponível em streaming. Conheça e, na primeira oportunidade possível, vá assistir o grupo ao vivo.

Foto: Foggy Filmes

*Alessandro Bonassoli é jornalista e colaborador da revista Roadie Crew

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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