maquinadelirio-rifferama

Estímulos instigantes com o primeiro EP da Máquina Delírio*

O Rifferama tem o apoio cultural de 30 Por Segundo, Habrok Music e Mini Kalzone

Contribua


*por Matheus Jacques

Existe muito pouco o que se possa fazer quando, subitamente, você é acometido por uma saraivada de estímulos sensoriais difusos, que lhe impelem a uma dúvida, uma “coceira” cerebral, entre imergir em introspecção, dançar ou entrar em um loop de sentimentos mistos. Mistos, não conflitantes: um harmonioso entrelaçamento de diferentes sensações. E esse é o delírio presente nesse lançamento, o EP “Mefistovalsas” do duo Máquina Delírio.

Projeto formado “oficialmente” na cidade de Florianópolis durante o período pandêmico, realizado ao bom e velho estilo DIY, Máquina Delírio nasce intrigante: uma profusão de emanações musicais quase cósmicas, hipnóticas, providenciadas pela eficiente junção de Érica (bateria e efeitos) e Ricardo (guitarra e voz). Sua serpenteante movimentação, sonicamente hedonística, se baseia em elementos de garage rock, psicodelia e experimentalismo, caminhando serenos sem pisar no terreno do lugar comum, proporcionando uma sonoridade suficientemente original para atrair, entreter e cativar.

“Mefistovalsas” é composto de apenas cinco faixas em pouco mais de quinze minutos de duração, o que acaba estabelecendo aquele sentimento agridoce dividido entre o prazer pela experimentação proporcionada e a frustração por não ter mais material a se conferir após a audição. E esse sentimento, logicamente, é uma prova de que o repertório apresentado foi satisfatório e eficiente. A gravação, mixagem e masterização do EP, realizadas pela própria banda, é eficiente. Se não sobra em primor, em perfeição, atende os requisitos e satisfaz. Mas a força maior reside, claro, na própria sonoridade e composições, que tem nas malemolentes faixas “Trilha de amor ao rancho” e “Arrisco de temporal” seus destaques. Se ousarmos apresentar semelhanças, comparações, posso atribuir elementos e influências de grupos como Tame Impala, Boogarins, BIKE e similares.

“Mefistovalsas” é um material curto, adequadamente bem “podado” e conciso, mas que em sua curta duração me entregou um universo completo de imersão e sensações. Ao meu ver, e que me seja perdoada qualquer eventual “imposição de rumo”, não é música pra ser apenas ouvida banalmente, sem um estado de espírito mais adequado. Para mim, é um registro extremamente indicado para ser escutado, absorvido e vivenciado com atenção, parcimônia e boa vontade. Assim sendo, mais e mais nuances podem ser desveladas a cada audição, o que torna a experiência ainda mais recompensadora e prazerosa.

*Matheus Jacques é produtor na Bruxa Verde, artista na Crochê Arretado e redator musical

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

DEIXE UM COMENTÁRIO.

Your email address will not be published. Required fields are marked *