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Jasper revive sua experiência como drag em Chapecó em álbum

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“Ilha de calor”, primeiro trabalho autoral da artista e criadora multimídia XxJASPERxX, é um grito sócio-político-ambiental, como a própria cantora e compositora se refere ao álbum “dedicado” a Chapecó, cidade onde vive desde 2010. Natural do Mato Grosso do Sul, a drag utiliza uma música experimental, que mistura sonoridades como o pop, o trap, o drill e o funk paulista para falar da sua vivência numa região conservadora, que condena a sua existência e dos seus semelhantes. Com sete faixas, o material foi produzido por Matheus Bonora e Francisco Faganello no Estúdio do Leo, em Chapecó, e traz referências de artistas como Arca, Charli XCX e Sophie para gerar uma sonoridade única, com elementos eletrônicos e industriais, que serve de base para a cantora cuspir letras bastante pessoais.

A música de XxJASPERxX é bastante visual. “Ilha de calor” faz uma analogia a obras como “Azulejaria em carne viva”, de Adriana Varejão. Enquanto a artista plástica mostra tripas saindo de uma parede, a cantora e compositora constrói uma sonoridade extremamente concreta para, no meio dela (ou seja, dentro da parede da canção), expor suas vísceras através de letras que apresentam o cenário caótico que sua vivência permite observar. Ser uma artista queer numa cidade do oeste catarinense é uma experiência que exige a potência presente em “Ilha de calor”. Em entrevista à Revista Artemísia (confira a publicação na íntegra abaixo), conduzida por Renan Bernardi, a “anti-heroína das drags de Xapecó” destrinchou o conceito por trás do seu primeiro álbum.

— Eu resumo muito as coisas ao que elas são literalmente. E isso tem o lado bom e o lado ruim, né? Mas nesse projeto em si, eu quis fazer algo extremamente industrial, artificial, sintético, contrastando com algo visceral, com algo bem orgânico, mas também com o sangue, com as tripas, com aquela víscera, com aquele sentimento que vem de dentro, que é humano, que é gente, que é carbono. Eu fui muito inspirada no trabalho da Adriana Varejão pra decidir esse contraste, que ela faz em artes plásticas o concreto, o azulejo, contrastando com o sangue, com as tripas de dentro. O conceito dela meio que se une ao meu, das coisas que acontecem entre paredes, foi realmente muito inspirado no visual dela, pro sonoro meu. E realmente foi uma escolha bem pensada nos materiais da ambientação que esse álbum é.


JASPER: a anti-heroína das drags de Xapecó


Foto e edição: mathwxxx

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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