Dandara 3_Crédito Guilherme Meneghelli

O “Retrato falado” de Dandara Manoela que denuncia e encanta*

*por Luiza Mazzola

A cantora, compositora e musicista Dandara Manoela, oriunda de Campinas (SP) e radicada em Florianópolis desde 2014, se divide entre a graduação em Serviço Social na UFSC e a música. Além de sua carreira solo, a cantora faz parte do grupo Cores de Aidê e da Orquestra Manancial da Alvorada, nomes que já conquistaram considerável notoriedade no cenário catarinense. Em 2017, Dandara foi laureada com os prêmios de Melhor Cantora e de Artista Revelação (com a Orquestra) pelo Prêmio da Música Catarinense. Portanto, aos 26 anos, a artista já gravou seu nome na história da música do estado antes mesmo de lançar seu primeiro CD de composições próprias, o álbum “Retrato Falado”.

Lançado em agosto, o registro é fruto de uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo realizada no início deste ano. Como retorno, o público foi presenteado com 12 faixas autorais que contam com a colaboração de brilhantes músicos, belíssimas harmonias vocais, uma gostosa mistura de MPB e samba acompanhada por doces versos que são pura poesia, mas que não deixam de lado, entretanto, o caráter político e transformador que a música pode ter.

O título do álbum é bastante apropriado: trata-se de uma representação da própria Dandara e, sobretudo, da vida vista por seus olhos. É por meio da música que a artista reivindica seu espaço para cantar o que a faz sorrir, sofrer e sonhar. Epítome dos tempos, das vivências e das resistências singulares da artista, “Retrato Falado” certamente encontrará ressonância no íntimo de quem sente e vibra com a poesia cantada de Dandara.

No disco, que conta com arte de Julian Brzozowski e Betânia Felippe, Dandara é acompanhada por Jeff Nefferkturu (violão), Mateus Romero (contrabaixo), Cris Ubrother (percussão), e participações de Anaís Herdies, Mércia Karla da Silva, Marissol Mwaba, Fábio Mello, Kauê Pereira e Rafael Oliveira. Com produção musical de Mateus Romero e Rafael Pfleger, este último o responsável pela gravação, mixagem e masterização realizadas no Estúdio Pimenta do Reino, a estreia de Dandara Manoela não poderia ser outra coisa que não uma potente e belíssima entrega de si mesma.

Merecem menção especial as composições “Minha Prece”, que abre o trabalho, a intimista “Peixe”, a poderosa faixa-título e o hino “Mulher de Luta”. Contudo, destacar algumas canções é cometer uma injustiça com as demais pérolas do registro que nos são oferecidas por Dandara. E como não há ninguém melhor que ela própria para apresentar sua verdade, convido a todos, todas e todes para o espetáculo de lançamento de “Retrato Falado”, nesta terça-feira (4), às 20h, no Teatro Álvaro de Carvalho, em que a artista mostrará, no palco, a poesia, a força, a luta e a canção de “Retrato Falado”. Voa, Dandara, voa!

Foto: Guilherme Meneghelli

*Luíza Mazzola é professora de francês, tradutora, revisora, doutoranda em Literatura na UFSC, mas antes de mais nada, amante da música

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

2 Comentários

  1. Belo texto para um disco que deve estar muito bom também, considerando o que ela tem feito nos seus outros trabalhos. Vou tentar estar presente no show amanhã também. Até!

    • Obrigada, meu caro! O disco está lindíssimo, de fato! Espero q consiga comparecer ao show

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