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QuatroQuartos, de Criciúma, faz “rock raiz” em EP de estreia*

*por Maykon Kjellin

Dificilmente existe um estado com tanta riqueza como Santa Catarina. E olha que não é só em sua culinária, no seu turismo e na sua história: nossa música é de longe uma das melhores de todo o Brasil. Por mais que o rock gaúcho seja uma das maiores referências do estilo em todo o país, basta olhar para cá e nos orgulharmos de tudo que foi construído aqui até hoje. O receio de dizer “até hoje” é pelo fato de que amanhã, certamente, teremos algum lançamento de alta qualidade e, quando um artista encerra suas atividades, nasce outro com um trabalho brilhante. Essa é a música catarinense.

Formada na terra do carvão, a QuatroQuartos de Criciúma iniciou os seus trabalhos recentemente, em janeiro de 2018, e logo de cara trazem o EP “Rolo compressor”. Sua formação com George Bleyer nas guitarras e vocais, Paulo Cordioli também nas guitarras e vocais, Eduardo Valcanaia no baixo e Gabriel Henrique Córdova na bateria, quatro amigos que descobriram juntos que sentimento e atitude são bem-vindos no rock, criando sua identidade própria em uma geração que vive entre diversos conflitos, sendo os principais a “conquista” e o “fracasso”.

Todo o trabalho da banda se torna interessante a partir do momento que o nome da banda QuatroQuartos tem quatro integrantes, seu EP tem quatro faixas e, no fim, o planejamento é de lançar mais três EPs com quatro faixas cada uma e, assim, tendo quatro lançamentos de quatro faixas, fechando um álbum e montando uma quadrilogia, fugindo da mesmice.

O rock apresentado pela QuatroQuartos exige uma boa cerveja de acompanhamento, bons petiscos e uma roda amigos. São músicas que relembram a boa fase do rock nacional e bandas como Barão Vermelho, por exemplo. Longe de ser pop, também fica longe de ser algo rotulado e chato de se ouvir, os classifico como rock and roll, nada gourmetizado, raiz mesmo. É um rock riffado, com bons solos, cozinha coesa e melodias agradáveis. Nenhuma música segue uma mesma linha e os vocais fortes e precisos são o maior destaque de todo o trabalho. Talvez falando melhor, vale ressaltar o trabalho executado em conjunto, que acarreta em um registro de estreia muito acima da média.

As letras engajadas fazem com que a melodia fique em segundo plano às vezes, pois nos obriga involuntariamente a curtir e na segunda/terceira audições a cantar junto. Músicas escritas pontualmente, com reflexões poéticas, demonstrando o poder de escrita dos membros. Para quem acompanha o rock catarinense, é um prato cheio para renovação da playlist e estufar o peito para dizer que estamos servidos de todos os estilos musicais em um único estado.

Foto: Stella Mendes

*Maykon Kjellin é baterista da Dark New Farm e fundador d’O SubSolo

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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