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(Re)Descobertas da quarentena: Anna Zechini (compositora)

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Natural de Lages, a cantora e compositora Anna Zechini vive atualmente em Medellín, na Colômbia, onde faz mestrado em história da arte. Formada em teatro pela Udesc, Ana tem dois EPs lançados: “Todo um oceano”, de 2017, e “Estallo”, que conta com canções em espanhol e saiu em 2019. Neste ano, a artista disponibilizou três singles gravados pelo projeto Ana en el Mundo, que são parcerias com outros músicos.


Margarita Siempre Viva – Lentas nubes de Fuego (2019)

Se existe uma banda que eu não parei de ouvir desde que começou a quarentena é Margarita Sempre Viva – banda de rock colombiana que ganhou espaço na cena independente. Talvez por identificação, já que em suas letras a banda trata de temas como a solidão, melancolia, nostalgia e certo niilismo que permeiam o universo jovem do mundo de hoje em dia. O que eu mais gosto é da vibe underground do trabalho na sua concepção visual e sonora. Os caras apresentam um trabalho independente super maduro, uma mescla de influências da literatura, do cinema com o indie rock somado ao lo-fi e mais uma série de variações que resultam em um som bastante único, empático e instigante. “Lentas nubes de Fuego” é um álbum de 2019 que mais tenho ouvido. A música que dá o nome ao álbum é a que mais curto, até porque adoro essa vibe deles citarem Medellín e o cotidiano que envolve desamor, drogas e rock and roll. Também fica a dica de ouvir os maiores sucessos da banda que são “Techo de Astros y Truenos” e “Los días apacibles”.


Silvana Estrada – Primeras canciones (2018)

Num dia de muita sorte, em 2019, fui assistir o show do Caetano Veloso em Medellín e sentada – a duas filas de distância – estava Silvana Estrada. Passei vergonha dando uma de fã doidinha pulando os assentos para falar com ela. Consegui minha foto e achei surreal conseguir abraçar (numa mesma noite) dois artistas que admiro muito: o mito Caetano e Silvana Estrada, uma das cantoras mexicanas que mais tenho ouvido depois da Natalia Lafourcade. Assim como Lafourcade (e tendo esta como referência) Silvana também faz um som que é uma variação entre pop, folk e latino.

No Spotify, Silvana tem um álbum de 2018 chamado “Primeras Canciones” que dá pra passar horas ouvindo. São quatro músicas e cada uma é especialmente forte, sensível, poética, colorida e bem produzida. Destaque para “Sabré Olvidar” que trata de superação, sentimento este que a cantora consegue transmitir através de sua interpretação única e voz marcante. Já “Al Norte”, é uma música de amor, pura, doce… dessas músicas que a gente se derrete ouvindo. E pra fechar, “Tenías que ser Tu” é latinoamérica. A mais folk e que explora elementos da cultura popular mexicana. Dessas músicas que a gente no Brasil ouviria em um botequinho bem old school.


Joana Castanheira – Aparador de saudades que ainda não existiram ou porta-retratos (2020

Outro álbum que ouvi nessa quarentena é “Aparador de Saudades que Ainda não Existiram ou Porta-Retratos” da Joana Castanheira. Joana é uma jovem-velha conhecida, já que nos encontramos algumas vezes no teatro. Adora essa vibe intimista, esse tom de desabafo e a voz doce. Lembro de assistir ela cantar em um barzinho perto da UFSC em 2016, e de longe tenho acompanhado o seu trabalho. É lindo ver como ela tem conquistado seu espaço e fortalecido sua identidade. Gostei de “Happy Place”, que é uma música delicada – em inglês – adoro essa vibe de cantar em outros idiomas.

E a gente consegue imaginar uma cena, como em um musical. Na real que o álbum inteiro – cruzado por textos – leva a gente pra esse lugar da cena cantada, ainda mais quando a gente vê as fotos do trabalho. Conceitualmente a proposta tá redondinha e se transforma em uma referência para outros artistas (me incluo). “Volta” é de encher o coração! O celo no final tá fod* e a proposta minimalista faz todo sentido com a presença forte da voz da Joana. Por último, “Once in a blue moon” é surpresinha e cor, para respirar com o coração mais tranquilo depois do aperto que dá com “Volta”. Lindo poder ouvir trabalhos assim.


Foto: Ivo Schmidt

Bônus: Ana Zechini – Estallo

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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