disastercities-rifferama

(Re)Descobertas da quarentena: Matheus Andrighi e Júlio Miotto

Apoie o Rifferama no Catarse


Siga a playlist (Re)Descobertas da quarentena no Spotify


As (Re)Descobertas da quarentena estão de volta. E como foram três meses sem dicas seguem indicações em dose dupla para comemorar esse breve retorno (restam oito personagens). Matheus Andrighi e Júlio Miotto trabalharam juntos na gravação do primeiro disco da Disaster Cities, “Lowa”, em 2018, quando Miotto ainda morava em Florianópolis e fazia mágica no estúdio Calamar Sounds. A parceria deu certo e eles acabaram se reencontrando em São Paulo, onde o grupo formado por músicos de Chapecó está sediado. Durante a preparação do segundo álbum da banda, o produtor assumiu o baixo e segue trabalhando em “Erasing Karma”, que deve sair neste ano. As dicas (são três de cada) seguem a ordem do título e da foto deste post: Matheus Andrighi e Júlio Miotto.


Twenty One Pilots — Trench (2018)

Faz bem pouco tempo que eu entendi o conceito do Twenty One Pilots e me permiti usufruir da obra. O duo meio que “funde” todas as vertentes de música popular dos anos 2000 até aqui, passando pelo emo, hip hop e o pop. Além disso, esse disco tem uma estética e um conceito maravilhoso, todo construído na temática das questões psicológicas e de saúde mental. Tema fundamental na quarentena.


Frank Carter and The Rattlesnakes — End of Suffering (2019)

Outro disco construído em cima do tema psicologia e depressão. O Frank Carter & The Rattlesnakes sempre foram uma banda chave pra mim, desde 2015 quando rolou a estreia deles com o álbum “Blossom”. Gosto da forma como eles unem o hardcore e o garage punk ao pop e ao eletrônico.


Perotá Chingó — Muta (2019)

Disco muito fluído e gostoso das argentinas. Tive a oportunidade de acompanhar o show desse álbum ao vivo durante o (festival) Morrodália desse ano (2020) e fiquei muito impressionado com a qualidade da performance do duo. Já conhecia desde o debut, de 2014, mas o último trabalho fundiu muita coisa interessante.


Foto: Bruno Carneiro


Xenia Rubinos — Black Terry Cat (2016)

A Xenia é uma cantora multi-instrumentista estadunidense, filha de pai cubano e mãe porto-riquenha. A primeira vez que escutei um som dela foi quando o Rafa (Panegalli, da Disaster Cities) deixou rolando uma música chamada “Hair Receding”. Me apaixonei rapidinho pelo groovão poderoso combinado com uma melodia bizarramente linda e fui buscar mais sobre a moça. Conheci então esse disco, “Black Terry Cat”, que há meses eu acabo dando replay. As composições dela são difíceis de classificar, e uma constante maravilhosa é a qualidade das levadas do baterista Marco Bucelli em todos os trampos da mina. Prato cheio pra quem curte ver groove torto e polirritmias em músicas que caem pro pop.


Anna Von Hausswolff — Dead Magic (2018)

A principal característica instrumental dos trabalhos da Anna Von Hausswolff é a paisagem sonora densa criada por reverbs/delays sobre os acordes de órgão. Sim, órgão de tubo, aquele instrumento gigantesco de teclas encontrado em igrejas antigas. Esse é o instrumento principal de “Dead Magic”, e o órgão usado nas gravações foi o da famosa Igreja de Mármore, na capital da Dinamarca. Mas o que mais me toca nesse disco é a visceralidade da voz da Anna. Essa mulher parece um bicho cantando. É selvagem demais, muito sentimento, incrível. “Ugly and Vengeful” é um épico de 16 minutos e pouco que traduz muito bem isso tudo. Esse som pesa uma tonelada, esse disco todo é uma surra emocional. Se meu foco tá na audição é 90% de chance que vou encher os olhos de água e não tem nada que eu possa fazer a respeito. Sei lá se devia recomendar isso nesses tempos.


MC Tha — Rito de Passá (2019)

Conheci a MC Tha quando a Bel, minha noiva, me levou num show dela no SESC Pompéia. A Bel foi preparadora vocal da MC Tha por um tempo e, se não me engano, trabalhou as vozes pros shows desse disco com ela. Também é o disco favorito da filha dela (e minha filha de coração), a Agnes. Volta e meia ela pede pra ouvir MC Tha e sempre que rola esse disco aqui eu fico ouvindo a Bel cantando junto e abrindo vozes, e isso fez com que esse disco se tornasse uma das principais trilhas sonoras da minha quarentena. É um trabalho lindo, muito bem produzido, letras incríveis e extremamente fortes. Destaque para os inserts de áudios (acho que WhatsApp) de uma mulher, que acredito ser mãe dela, mandando palavras de força e incentivo que, no contexto do disco, arrepiam!

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

DEIXE UM COMENTÁRIO.

Your email address will not be published. Required fields are marked *