Mundo Catarinense – Blame: Na contramão

Enquanto a maioria das bandas novas quer ser indie, stoner ou bicho grilo (sem ofensas), a Blame, de Santo Amaro da Imperatriz, segue outro caminho. Influenciados pelos grandes nomes do rock alternativo dos anos 90, o trio lançou no ano passado “Efeito Halo”, disco que soa melhor ainda quando tocado ao vivo.

A experiência adquirida nos palcos fez muito bem para o grupo. A última música do trabalho (“Offline”), por exemplo, presente na coletânea de um ano d’O Clube, de 2013, soa fora de contexto. Apesar de o norte ser o grunge e Pearl Jam a bíblia dos caras, a melancolia passa longe deste álbum, que abre com a pedrada e crítica “Modus Operandi”.

Durante o disco, a Blame apresenta letras fortes e contestadoras, como “Opinião”, e até mesmo românticas, caso da balada “Tormenta”, que conta com participação do guitarrista do Chico Martins, do Dazaranha. Gravado no estúdio Pimenta do Reino, “Efeito Halo” é simples, direto e pesado, com bons riffs do vocalista Vinícius Rosa e uma cozinha precisa, a cargo de Geraldo Borges (baixo) e Amauri Martendal (bateria).

A faixa-título, que tem um riff poderoso e um solo matador, ganhou um clipe dirigido por Antonio Rossa, com quase dez mil visualizações no Youtube – desde fevereiro. O começo indica que será a música mais pesada do álbum, mas o refrão tira um pouco do punch. Nada que comprometa, no entanto. “Estações”, com sua pegada Stone Temple Pilots, e a cadenciada “Anelo”, também se destacam.

O maior valor da Blame não está na música. Os caras arregaçam as mangas, não ficam chorando que não existe local para tocar. Correm atrás, se jogam para São Paulo para fazer shows, organizam eventos, trazem bandas de fora, levam prejuízo, mas não desistem. Se todos que vivem a realidade da música em Santa Catarina fizessem o mesmo, teríamos uma cena de verdade. Vida longa.