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Sensibilidade à flor da pele: álbum do Capim é uma obra-prima

O disco do Capim é algo tão bonito que nem sei por onde começar. Luminoso (voz, violão e composições) e Didi Maçaneiro (voz) começaram de forma tímida com o single “Minha oração”, lançado com clipe em dezembro de 2017. Encantadora, a música deixou o público na expectativa para o que a dupla apresentaria a seguir. Mais do que qualquer coisa, a troca entre os dois foi o que mais me chamou a atenção nesse trabalho – união que pode ser comprovada no vídeo, de uma sensibilidade ímpar.

Não à toa que o álbum, lançado no dia 18 de abril em todas as plataformas digitais, foi composto no bairro Paciência, em Brusque. Em 2018, o duo divulgou mais um single, “Por nós”, e abasteceu o canal do Youtube com alguns covers, uma versão em português para “A Sea of Roses”, de Kenneth Pattengale, (o vídeo entrou para a lista de melhores do ano do Rifferama), além de “Da espera”, parceria com o letrista Bruno Kohl. O trabalho de estreia foi preparado com todo o cuidado que uma obra como essa merece.

“Capim”, gravado em São Paulo e produzido por André Whoong nos estúdios Casa Rosa Flamingo e Rootsan, marca o amadurecimento de Luminoso como compositor. Quem conhece as baladas românticas “Morena na janela” ou “Almoço”, músicas do trabalho solo do Calinho, percebe a evolução. Interpretadas por duas vozes que se complementam, as belas melodias e letras saídas do fundo da alma geram uma extrema sensação de alegria e conforto.

O primeiro disco do Capim celebra as belezas do Vale do Itajaí. As participações especiais trouxeram requinte ao som interiorano da dupla que, com o perdão do trocadilho, tem cheiro de mato. O premiado Bruno Moritz toca acordeon e teclados em duas faixas, enquanto Braion Johnny, da Brass Groove Brasil, gravou os metais. O músico Bemti, com o seu vozeirão e a viola caipira, rouba a cena em “Rua 140”, a minha preferida desse trabalho, que merece ganhar o país. E ainda tem um quarteto de cordas na delicada “À procura de mim”.

Me enche de orgulho em saber que o Expresso Rural é a principal influência do Capim – a dupla, inclusive, já gravou e fez show com Volnei Varaschin, ex-integrante do grupo. Mas Luminoso e Didi foram além. Pegaram a fórmula e a modernizaram, superando os mestres. “Capim” é uma obra-prima, o álbum que há muito esperava ser lançado por aqui. Se alguém me perguntar o que é música catarinense, respondo sem pestanejar: Ouça Capim. Estamos muito bem representados. 

Foto: Diego Cavichiolli

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

6 Comentários

  1. […] tem início na próxima quinta-feira (30), com o artista local Chico Preto (ex-Tribuzana) e o duo Capim, de Brusque. Serão nove apresentações até novembro na Casa de Cultura Dide Brandão. Os […]

  2. Ótima resenha, estou ouvindo o álbum e me deliciando.

  3. É primoroso!
    Viva a música...

  4. Muito bacana !!
    Sucesso pros meninos do Capim sempre !!

  5. Que resenha maravilhosa... e com esse elenco na produção do CD, ouvir é só uma questão de deleite... Parabéns e sucesso! É redentor ver a música catarinense bem representada, na música e na comunicação.

  6. Linda resenha. Vamos ouvir!

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