Aline Vieira faz música regional moderna em “Mar de dentro”

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Se arteira é quem faz arte, Aline Vieira é das grandes. A cantora, compositora e violonista tem 15 anos pelo menos de uma trajetória que passou pelos bares, pela cultura popular e chegou aos cinemas (veja o filme “Abrindo as janelas do tempo”, de 2018). A dedicação aos Cantadores de Engenho, projeto que registra a memória de Bombinhas por meio de música e poesia, foi o ponto de partida para a produção do seu EP de estreia, “Mar de Dentro”, que traz quatro canções escritas pelo poeta (e primo) Marcos Aurino Pinheiro, e “Saudádiva”, presente que ganhou do parceiro João Sobral, cearense radicado em São Paulo, mas apaixonado pela cidade do Litoral Catarinense. Produzido por Alexandre Siquera, o material foi viabilizado por meio do Edital Mestre Cantalício Rocha – Edição 2023, da Fundação Municipal de Cultura de Bombinhas, e foi gravado por Pedro Silva (guitarra), Gabriel Menin (baixo) e Carlinhos Ribeiro (percussão), com as participações especiais de Ricardo Pauletti, André de Miranda, Marcelo Portela e Joaquim Vieira Souza.

Musicalmente, “Mar de dentro” mistura a MPB, com referências de Gil, Caetano, Marisa Monte e Lenine, mas também bebe da fonte da cultura popular da região. Como o guitarrista Pedro Silva bem descreveu, o EP tem uma sonoridade regional moderna, com arranjos elegantes, bastante percussivo e a voz cheia de sotaque de Aline: é música catarinense de verdade. O processo de produção do registro começou no ano passado, quando o projeto foi aprovado pelo edital. As versões das canções foram criadas em grupo, no interior de Tijucas, com a banda reunida no estilo Novos Baianos, para depois gravar no Giant Steps Estúdio, em Balneário Camboriú. “Ficamos quatro dias sem Internet, tocando outras coisas, cozinhando, foi importante esse mergulho. O EP foi sendo construído em camadas, não foi nada às pressas. Muita coisa foi criada em estúdio com a intervenção do Siquera (produtor), ajudou muito. Foi um deleite gravar, um encontro de grandes músicos, mas antes disso amigos que tenho conexão e gostam da minha essência”, comentou. Em contato com o Rifferama, Aline Vieira falou sobre a sua estreia como artista solo e sua identidade musical.

— Meu envolvimento com a música profissionalmente se deu em meados de 2007, quando integrei o trio Olho de Peixe, com dois amigos e uma vontade de fazer música popular brasileira, que é onde mergulho desde minha adolescência. A minha vida musical é pautada na MPB e na música regional. Tenho uma ligação forte com as minhas raízes, pelo lugar que vivo desde criança, o meu avô pescador, a minha avó lavadeira, sempre ouvindo Terno de Reis, brincadeira de boi de mamão, as procissões. Em paralelo ao trio veio os Cantadores de Engenho, onde começa a surgir a matéria-prima que gerou esse EP. Saímos em turnê, lançamos um longa-metragem que rodou o Brasil inteiro pelo SESC e fechou um ciclo. Eu quis seguir com essas canções, achava que essas músicas não podiam ficar presas dentro de um filme e resolvi regravar algumas para lançar esse EP com uma nova linguagem, mais Aline Vieira, muito mais a minha onda. Meu encantamento está na pesquisa da pluralidade do Brasil. O EP tem um pouco de tudo que me constitui enquanto apreciadora da música, como alguém que vive a música e consome desde criança.

Ficha técnica

Aline Vieira: Vozes e violões
Pedro Silva: Guitarras
Gabriel Menin: Baixo
Carlinhos Ribeiro: Percussão
Alexandre Siquera: Produção musical (Giant Steps Estúdio
Participações especiais: Ricardo Pauletti (viola caipira), André de Miranda (coros), Marcelo Portela (rabeca) e Joaquim Vieira Souza (voz)
Arte da capa: Evelyn Torrecilla
Foto da capa: Santiago José Asef
Foto no estúdio: Isadora Manerich
Assessoria de Imprensa: Thiago Furtado