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O embrião da Curupira começou em 2017, com Pedro Bermond (guitarra) e Pedro Guerra de Sá (baixo), que sempre tocaram juntos, mas a primeira versão da banda surgiu dois anos depois, como um trio. Bermond ainda atacava de vocalista em raros momentos, já que o som do grupo era um “feijão com arroz improvisado de stoner”, como o músico descreveu ao Rifferama, com riffs repetitivos e longas seções de solo. Já na formação em quarteto, a Curupira testou um outro cantor, mas em 2021 se estabilizou com as entradas de Bruno Rockenbach (voz) e Diego Rapoport (bateria). Com esse time, a banda gravou o álbum de estreia, homônimo, lançado no dia 28 de abril pelo selo Abraxas Records. O material foi captado no AeroTullio Sound Distillery, em Florianópolis, e foi editado, mixado e masterizado no Rio de Janeiro por Francisco Patetucho, que é produtor musical e guitarrista da Mábura.
“Curupira” é um assombro, um trabalho que traz um pouco de frescor para a cena stoner/doom metal, com a sua influência progressiva. Os riffs lentos e pesados de Pedro Bermond são grande parte do repertório de 1h11 divididos em sete faixas, mas a música do grupo apresenta variações de andamento (tem até uma faixa instrumental percussiva) e um vocalista que surpreende pela versatilidade: Bruno Rockenbach berra, faz gutural, mas também consegue soar melódico no meio dessa massa sonora. A qualidade de gravação do trabalho chama a atenção, comparada a outros grupos do gênero — a sujeira habitual está presente, mas o álbum deve soar acessível para quem não está familiarizado com o estilo. Em contato com o Rifferama, o guitarrista falou sobre a sonoridade da banda e falou sobre o futuro da Curupira, que encontra-se num hiato.
— Com essa formação final os sons começaram a mudar. A vontade de tocar prog de antes da Curupira foi reaparecendo e as músicas foram virando uma espécie de stoner com tendências progressivas, maiores, com grooves diferentes e vários trechos ganharam voz onde antes era só riff. Colocamos seções de solo mais planejadas e ficou esse trambolho, só som de dez minutos, misturando a vontade de fazer um negócio repetitivo e viajado com algo minucioso e com mais técnica. Infelizmente as perspectivas são de um longo hiato agora que saiu o álbum. Eu moro em São Paulo e estou fazendo mestrado querendo ir pra Europa pro doutorado, o Diego ao que tudo indica também vai morar fora, já até saiu das quatrocentas bandas dele e o Bruno e o Guerra seguem em Floripa. Desse jeito fica inviável, mas eu digo hiato, pois é bem possível voltarmos um dia. Ainda tem mais stoner no estoque, tem material pra mais um álbum e um EP, talvez um dia eles venham à vida.