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O MC manezinho Davi Perez escreveu o primeiro rap ainda na adolescência para uma matéria na escola. Envolvido com causas políticas e a cultura do hip hop desde cedo, o artista participou de grupos como Estilo Eficaz, CriticaMente e Arma da Crítica, sempre fazendo trabalhos solo em paralelo à carreira acadêmica. Doutor em Serviço Social pela UFSC, Perez reside hoje em Mariana (MG), onde atua como professor na Universidade Federal de Ouro Preto, onde desenvolve projetos de extensão ligados ao movimento. A distância de casa não impediu o rapper de seguir colaborando com a cena local, com destaque para a cypher “Sonora Guerrilha II”, do coletivo Losotros, em 2021. O seu primeiro álbum, “Ponto de não retorno”, saiu no ano seguinte, e inaugurou uma sequência de lançamentos que já conta com três singles, sendo o último “Cais-cais”, divulgado em abril.
A música foi gravada no estúdio Na Passagem pelo argentino DJ Dah Fioroni, argentino radicado em Ouro Preto, que também fez a mixagem e masterização. A dupla está produzindo um EP em portunhol ainda sem título ou previsão de ser apresentado ao público. “Cais-cais”, inspirada em um pássaro da região Sul e Sudeste, mas também presente no Paraguai e na Argentina, traz referências diversas, incluindo pessoais, do rompimento de ciclo ao sair do seu habitat (além de MG, Davi Perez atuou como professor no Tocantins) e a Franklin Cascaes. Nesse processo de ser mais ativo na carreira musical, o MC resgatou “Flor na trincheira”, uma canção de 2015, e fez “Guerrilha digital” em parceria com Rud, do Sem Meia Verdade, de Belo Horizonte. Em contato com o Rifferama, Davi Perez falou sobre temática de “Cais-cais”.
— Tanto o cais quanto o pássaro tem a ver com isso de sair da sua terra, tem algo de pessoal na música, com essa coisa de romper um ciclo. Nasci na Trindade, já era perto da UFSC, minha mãe estava sempre na UFSC e fiquei muito tempo naquele ciclo. A música fala disso também, de um cais, de um voo, de romper esse ciclo, até começar um novo, que é um ponto de não retorno. Quando você começa um novo ciclo pode ter resquícios do velho, nessa espiral dos processos da vida.
Foto: Rhamon THL
Como mãe do artista fico emocionada com a matéria, ressaltando a coerência e a persistência de Davi Perez, sempre nos emocionando com suas rimas e produções artísticas de cunho crítico/social. Nesse momento em que vive longe do lugar onde nasceu e dos espaços que nutriram seus ideais durante a infância e adolescência,especialmente, Davi traz o Movimento Hip-hop para dentro da Universidade onde é professor em Mariana/MG. Este é, com muito orgulho e gratidão, meu filho.