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Dazaranha de volta aos trilhos com o álbum “Entre cantos”

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Foto: Tóia Oliveira

“Entre cantos”, nono álbum de estúdio do Dazaranha, lançado nesta quinta-feira (29) nas plataformas digitais, com visualizers para as 11 faixas no Youtube, traz boas notícias para os fãs da banda. O disco, que foi produzido por Carlos Trilha, apresenta um repertório consistente e segue a sonoridade pop reggae de “Dazaranha 30 Anos”, com a diferença de que o grupo voltou a pisar em Florianópolis e retomou o controle da sua obra. O material abre com “Cometa”, reggae assinado por JC Basañez, que se revelou um compositor de mão cheia desde a sua estreia em “Daza” (2014), quando contribuiu com “Pelo mar” e “Céu azul” — o baterista também é autor de “Espero”, presente em “Afinar as rezas”, de 2016. Bem localizado geograficamente, o álbum se reconecta com as raízes da banda, com Chico Martins (voz e guitarra) cantando a beleza de ser manezinho e fazendo uma reflexão, quem sabe, sobre a última empreitada do grupo em “Meu Paraíso”. “Talvez eu não tenha nascido pra ser um sucesso nacional, nunca fui indicado pro Oscar, mas as orcas passam no meu litoral”.  

Desde “Catarina” (2019), Moriel Costa (voz e guitarra) e Chico vêm dividindo quase meio a meio o repertório dos discos: em “Afinar as rezas”, em nível de comparação, Muruca emplacou oito canções e Chico duas. “Entre cantos” tem cinco faixas de cada compositor e essa forma de trabalhar favorece a dinâmica do álbum, visto que os dois artistas têm estilos de escrita distintos. O criador do Darci tem aquela simplicidade misturada com irreverência, que se manifesta em versos como “eu tô passando do teu lado, as coisas não começaram quando eu nasci… nem terminarão quando eu partir… o problema não é ser quem tu és, o problema é achar que por tu ser quem tu és, tu és mais ou menos que alguém. rapaz, isso não vai te fazer bem. horizontalizar o olhar, botar pra cima do medo e falar do que tem que se falar”, de “Do teu lado”, mais experimental, com elementos do dub, teclados e efeitos eletrônicos.

Chico Martins tem uma vertente romântica bem forte, mas as baladas estão menos açucaradas nesse registro, se podemos citar assim, mas o vocalista preserva a interpretação apaixonada que já virou sua marca registrada e “Meu paraíso” é um bom exemplo dessa entrega. Como nem tudo são flores, a veia roqueira do guitarrista faz falta, mas a mão de Trilha evidenciou novamente alguns atributos que formaram a estética do grupo, como a percussão e as rufadas de Gerry Costa em “Tambores” ou o violino de Fernando Sulzbacher em “Vai ou não vai”, que tem uma introdução étnica, com a dobradinha guitarra/violino característica do Daza e as pausas e o balanço do baixo de Adauto Charneski. E essa, talvez, seja a grande vitória em “Entre cantos”. O Dazaranha está soando como Dazaranha. A identidade própria é o principal patrimônio da banda.

A tentativa do Dazaranha em se estabelecer no mercado nacional, com o contrato com o Midas, de Rick Bonadio, teve influência na música da banda. O grupo assumiu o risco de descaracterizar a sua obra com a produção estéril e padrão do estúdio paulista e a colaboração do seu time de compositores. Não nego que a experiência deve ter sido enriquecedora para o Daza, que ainda conta com Eduardo Stormowski na guitarra, mas desde criança eu ouvi uma frase que me marcou muito. “Se o Zico não ganhou a Copa do Mundo, azar da Copa do Mundo”, do jornalista Fernando Calazans. Se o Brasil não conhece o Dazaranha, lamento. Sorte a nossa. A banda que conquistou o estado celebra as belezas naturais em “Tuas praias” e a cultura ilhéu na faixa de encerramento “Onde nascem as bruxas”. “Entre cantos” é um álbum coeso, que mantém a estética comercial, mas renova o fôlego da banda. Esse é o caminho.


Ficha técnica

Áudio

Produzido, mixagem, masterização, órgão, sintetizadores e programações: Carlos Trilha
Captação: Carlos Trilha e Maurício Peixoto
Voz e guitarra: Chico Martins
Voz e guitarra: Moriel Costa
Baixo: Adauto Charnesky
Percussão: Gerry Costa
Violino: Fernando Sulzbacher
Bateria: JC Basañez
Guitarra: Eduardo Stormovski

Vídeo

Produtora: b+ca
Direção geral: Bruno Trindade e Carol Steinhorst
Direção: Pedro Millás
Diretor de fotografia: Felipe Lima
Atendimento: Tais Moura
Produção: Aline Cosentino e Carol Garcia
Direção de arte: Chiara Gomes
Arte: Guilherme Lima e Luiz Maia
Conteúdo e captação mobile: Diana Bado
Assistente geral: Paula Chiodo
Supervisão pós-produção: Henrique Mayworm
Assistente de pós-produção: Danilo Sodré
Montagem e finalização: Gabriel Ferraz, Henrique Mayworm e Beatriz Brassi

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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