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O compositor e professor João Minatti já tinha uma carreira acadêmica quando começou a divulgar as suas obras nas plataformas digitais, em 2020. Pianista formado em Música e pós-graduado em Educação Musical, o artista, que é natural de Brusque, mas mora em Bombinhas, lançou o seu primeiro trabalho autoral, o EP “(Sea)rching”, por incentivo do produtor Demis Kohler, que grava todas as suas crialções. O isolamento provocado pela pandemia e a saudade do mar — Minatti também é surfista — inspirou essa música que caminha entre o erudito e o experimental, mas também traz referências de gêneros como minimalista, neoclássico e jazz. Exigente com o que divide com o público, o pianista retirou do ar alguns registros que tinham arranjos digitais para regravar de forma que fique satisfeito e devolva para o mundo. “Dual”, single apresentado em novembro, faz parte dessa safra.
O processo de compor envolve muitos desafios. Na época do EP “Caos”, que saiu em 2022, Minatti não estava conseguindo produzir a sua “arte pura”. A cada improviso ou sequência de acordes que tocava, o músico pensava se as pessoas gostariam do que ele estava fazendo e, a cada pensamento intrusivo desses, deletava o projeto e começava de novo. Até que, como uma forma de protesto-manifesto a si próprio, conseguiu se livrar dessas amarras e escrever novamente. O objetivo do pianista, por vir do erudito, é tentar criar sem seguir as regras de cada período, mirando a autenticidade que nem todos os artistas conseguem alcançar. Em “Dual”, que tem duas faixas, a busca foi pelo timbre perfeito. A faixa título e “Sensível” têm muita ambiência e soam parte do mesmo universo contemplativo. Em contato com o Rifferama, João Minatti falou sobre o seu jeito próprio de enxergar a arte.
— “Dual” são músicas que já tenho há muito tempo e ao longo do processo fui mudando, tirando algumas partes que não faziam sentido. Demorou um ano pra ser feito, apesar de ser aparentemente simples, piano solo, minimalista, a grande busca dessas músicas foi o timbre, representa um pouco também do que gostaria de expressar, a profundidade da composição. Essa foi a grande busca e o problema também. Foram vários testes e versões apagadas até que a gente chegou num ponto onde conseguimos fazer com que as músicas estivessem no mesmo universo. Elas representam coisas diferentes, mas têm a mesma profundidade. Teve uma época que eu ia tirar todas as minhas músicas das plataformas e colocar em um site, a compressão que tem no som acaba tirando todo o trabalho árduo das gravações. Tento propor um momento meditativo para as pessoas, que as músicas sejam uma experiência.
Foto: Zeca Day