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*por Matheus Jacques
Contam-se cinco anos, que podem ser vistos de diferentes perspectivas como poucos ou longos, desde a última entrega de um material do duo formado em Blumenau intitulado Elephantus. Gravado ao vivo em uma única noite no estúdio Mansão Wayne, localizado na supracitada cidade catarinense, o EP auto intitulado já nos apresentava, de forma ainda que mais crua e primitiva, uma banda plena de potencial e promissora. Cinco anos se passaram, com várias apresentações pela estrada incluindo uma recente tour por São Paulo, com uma banda que vinha maturando ideias, adquirindo experiências. E esse progresso constante nos alinha à visão da Elephantus em “Solstício”, seu mais recente lançamento, contendo cinco faixas inéditas gravadas em Florianópolis, que desenvolvem as influências primitivas, basais e poderosas do grupo.
Caminhando por uma trilha que envolve elementos de sonoridades distintas, passeando pelo stoner rock e pelo doom metal, e abraçando ainda de forma acolhedora nuances da música oriental e da música brasileira, o duo apresenta no novo registro uma gravação aprimorada em relação a anterior, além é claro de uma evolução nas partes de composição e dinâmica instrumental. Os pontos fortes que já nos foram entregues no EP anterior continuam lá, entrelaçados com novas ideias e experimentações, sempre mantendo o sólido e dinâmico trabalho percussivo da banda entregue pelo baterista Andrei Mamede, aliado às cordas afiadas e fumegantes do guitarrista e vocalista Marcelo Maus.
Conectadas com um trabalho elogiável de composição no idioma português, as faixas falam por si próprias em seu universo particular, criando atmosferas envolventes e originais conduzidas para a dança por riffs gordurosos e corpulentos, que ditam um andar preciso e visceral. O encaixe entre os diversos segmentos do material parecem bastante naturais e fluidos, sem que camadas se sobreponham a camadas de forma desorientada ou precipitada. Entre os principais destaques do material, podemos elencar: “Equilibrista”, com sua introdução na levada musical nordestina, explorando o cowbell e se ligando a vocais guturais poderosos seguidos por um andamento instrumental marcante; e a excelente “Mahatma”, que nos apresenta uma seção instrumental psicodélica ditada por quebras de ritmo marcantes, fortes riffs e uma levada intensa de bateria. Mas no mais, é claro que as três outras faixas presentes (“Super Sapiens”, “A queda” e “Ultramundanos”) e o material como um todo se sobressaem em originalidade e espontaneidade.
“Solstício” é um formidável desempenho de uma banda que renova uma visão do stoner/doom e suas influências, entregando seus próprios conceitos e experimentações em soma, ainda mais levando em conta que estamos falando de um duo. Elephantus permanece em seu segundo lançamento de estúdio como uma força criativa do cenário stoner nacional, estabelecendo já uma espera pelo seu próximo registro, nos deixando a convicção de que até lá mais evolução ainda rolará pelo caminho.
Ficha técnica
Composições: Marcelo Maus e Andrei Mamede
Letras: Marcelo Maus
Gravação e mixagem: Rhino Rocha
Arte da capa: Suyanne Gabrielle
Foto da pintura: Betina Schmidt
Foto banda: Gustavo Hardt
Design gráfico: Manuela Mueller
*Matheus Jacques é produtor na Bruxa Verde, artista na Crochê Arretado e redator musical