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“Guarda-volumes” é o baú de vontades da Parafuso Silvestre

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Para produzir “Guarda-volumes”, seu primeiro álbum de inéditas, a Parafuso Silvestre teve de desapegar de algumas rotinas criadas nesses mais de dez anos de banda. O novo trabalho, que chegou às plataformas digitais na última quarta-feira (12), após o lançamento de seis singles, é o registro mais colaborativo feito pelo quarteto até agora. Muitas músicas ainda partem do vocalista e guitarrista Taro Löcherbach, que também escreve as letras, mas o disco tem canções que surgiram de ideias de Juarez Mendonça Júnior (bateria), Bruno Arceno (baixo e guitarra) e Julio Victor (guitarra e baixo). Independente do compositor, é esse envolvimento de todos que faz o grupo soar como Parafuso Silvestre. “O Taro é um compositor completo e extremamente aberto com o que ele traz, de buscar a contribuição dos outros e não se incomodar de mudar as coisas pelas ideias dos outros”, contou Julio Victor.

Um fator decisivo na realização desse projeto foi ter encontrado uma casa que respira arte. No mesmo espaço onde vivem artistas da música e do audiovisual, a Parafuso Silvestre montou o seu estúdio para trabalhar em “Guarda-volumes”. Com local próprio, as reuniões semanais (sempre às quartas-feiras) viraram expediente. “Poder estar com o material pronto toda hora facilitou muito e deu uma maturidade para o trabalho. Até para atender os tempos diferentes de cada um. Essa independência do espaço e também o pessoal nos receber aqui são detalhes que influenciam muito, fora a mecânica artística que acontece. Só o fato de a gente estar juntos e continuar trabalhando é a nossa maior vitória. A música vem em consequência disso”, afirma o baterista Juarez Mendonça Júnior.

“Guarda-volumes” é um baú de velhas vontades transformadas em músicas novas, como pontuou o baixista e guitarrista Bruno Arceno, e trabalhar com esses rascunhos mudou o processo de criação da banda. Os primeiros dois EPs compartilhavam o mesmo conceito, então existia uma direção em que as coisas tinham que acontecer, por isso o vocalista era o principal responsável pelas ideias de letras e músicas, com os arranjos feitos em conjunto. A satisfação com o envolvimento dos companheiros de jornada supera qualquer apego que o compositor possa ter à ideia original. “Quanto mais a ideia está pronta, mais difícil é largar mão, e por mais que seja um cabo de guerra, no sentido de para onde a música vai, muitas vezes o resultado que a gente chega e o envolvimento que isso gera na hora de tocar ao vivo faz com que cada um tenha uma relação completamente diferente de entrega. Cada vez mais o trabalho vai ficando de todo mundo”, explicou Taro Löcherbach.

Sonoridade mais direta e conceito visual imaginado

Outra mudança que o álbum propôs, em princípio, foi apresentar músicas mais curtas, com uma sonoridade mais direta, com menos excessos de detalhes. “Precisamente”, o primeiro single dessa leva de novas canções, cumpriu à risca o formato, com refrão que se repete e uma estética mais pop em relação ao que a banda já fez no passado. Conforme as faixas foram sendo produzidas, a música da Parafuso Silvestre também foi mudando e a diretriz ficou pelo caminho. O grupo manteve a identidade e seguiu experimentando, adicionando peso, efeitos e outras texturas. “Uma das ideias que gerou o conceito do álbum foi fazer algo mais direto. A gente evoluiu bastante o processo de composição e está no exercício do desapego. Esse repertório ainda carrega muito da nossa reflexão bem pontuada em cima da música. Estamos aprendendo a fazer álbum”, comentou Bruno Arceno.

Ao contrário da sonoridade, que teve um direcionamento prévio, as artes gráficas do projeto entram no conceito de “Guarda-volumes”, mas não foram produzidas para esse fim. Todos os desenhos feitos por Julio Victor, que assina o seu trabalho visual como LaserDemon, são rascunhos de estudos de anatomia. A ideia de reaproveitar esse material veio da produtora Luanda Wilk. “Toda a parte desenhada já estava pronta antes e foi saindo dos cadernos. A gente tenta contar uma história com aqueles elementos e vai vendo sentido onde em princípio não tem, montando um quebra-cabeça com esses rascunhos para falar o que está acontecendo na música ou remeter a algumas coisas. Foi um processo difícil, mas bem legal”, informou o baixista, guitarrista e ilustrador.

“Guarda-volumes” é uma proposta executada pelo Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do Governo Federal e da Política Nacional Aldir Blanc.

Ficha técnica “Guarda-volumes”

Voz e letras: Taro Löcherbach
Bateria: Juarez Mendonça Júnior
Baixo e guitarra: Bruno Arceno
Guitarra e baixo: Julio Victor
Música, arranjo, programação de samples e instrumentos virtuais: Parafuso Silvestre
Captação: Jz Produções e Parafuso Silvestre
Mixagem e masterização: Rafael Pfleger
Produção musical: Parafuso Silvestre e Rafael Pfleger
Produção executiva e coordenação geral: Luanda Wilk
Assistente de produção: Bruna Ferracioli
Artes gráficas capas: Laser Demon (Julio Victor)
Design gráfico: Maurício Peixoto
Direção de fotografia, edição e finalização de vídeo: Willian Souza
Produtora de Acessibilidade: Thuanny Galdino
Foto: Tóia Oliveira

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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