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“É foda”, primeiro single do cantor, compositor e violonista John Mueller lançado neste ano, tem muitas camadas. Escrita há mais de dois anos, a canção, que tem produção de Raul Misturada (confira a ficha técnica abaixo), apresenta uma reflexão sobre o lugar das pessoas na era digital e a busca por autenticidade. A música ganhou um videoclipe filmado em Blumenau, cidade natal do artista, com direção Francisco Nascimento, e chega em um momento em que a IA (Inteligência Artificial) vem dominando os processos artísticos. O manifesto está estampado na capa do single e também na opção por fazer tudo à moda antiga. “O Raul estava em Portugal e eu não queria fazer a distância. Ele veio para o Brasil faz uns três meses e fomos no Renato Pimentel (The Magic Place, em Florianópolis). Todo mundo hoje grava em casa, mas se eu tiver a oportunidade gosto de fazer uma produção e pagar um bom estúdio. A gente tem que usar a Internet para as coisas boas e não cair nesse mundo que tem que fazer tudo lá. O orgânico sempre tem que estar em primeiro lugar”, comentou.
Para além desse questionamento, “É foda” traz uma estética diferente em relação à discografia do artista. Com dois álbuns de estúdio lançados, “Por um fio” e “Na linha torta”, em 2016 e 2018, respectivamente, mais um trabalho ao vivo em dupla com o guitarrista Mazin Silva, que saiu em 2021, o cantautor vem trabalhando nos últimos anos com singles e explorando outros elementos dentro da música brasileira. Pela primeira vez, Mueller utilizou um violão barítono para gravar (tocava com cordas de nylon). Para conversar com o tema da canção, os arranjos, assinados a seis mãos, em parceria com o produtor e também o percussionista Carlinhos Ribeiro, trazem um clima pesado e sombrio: até o jeito de cantar está diferente, com um registro mais grave. Em contato com o Rifferama, John Mueller falou sobre o sentimento de inquietação que o fez escrever “É foda” e também a sonoridade contrastante com a sua obra.
— É uma canção quase autobiográfica, me peguei num tempo de ficar pirado nessa coisa de Internet, vejo muita gente não só na música que acaba ficando doente por conta dessa loucura das curtidas e compartilhamentos, o artista é cada vez menos artista e cada vez mais números. Eu estava nessa angústia fodida e escrevi a letra, peguei o violão e deixei a música pronta. Eu queria trazer esse som para outro lugar e lembrei do Raul, um cara super fora da caixa. É uma mais densa, dramática, então a gente trouxe esse lugar nos arranjos, pensando nesse trompete maluco toda hora, essa correria. É algo diferente até na questão da voz, eu compus essa música dois tons acima do que a gente gravou, quando mandei a guia para o Raul ele falou para baixar dois e deixar ela mais pesada, meio Arnaldo Antunes, explorando o grave ao máximo. Foi um desafio para mim sair de um lugar de conforto, mas é mais uma canção, no final é isso, a gente tem que colocar as coisas pra fora. A reflexão e o tema são super pertinentes.
Assista o clipe
Ficha técnica
Áudio
Voz, violão barítono e arranjos: John Mueller
Percussão e arranjos: Carlinhos Ribeiro
Trompete, flugelhorn e arranjos de sopro: Diogo Duque
Baixo: Frederico Heliodoro
Produção musical e arranjos: Raul Misturada
Captação, mixagem e masterização: Renato Pimentel
Assistente de gravação: Ale Clemente
Edição: Ticiano Vieira
Distribuição e edição: GRV
Vídeo
Roteiro e direção: Francisco Nascimento e John Mueller
Imagens e edição: Francisco Nascimento
Assistentes: Jotta Nastty e Matheus Rhenius
Patrocínio: Berkan Consultoria e Auditoria
Foto: Maria Clara Souto

