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A vida de Pablo Medeiros, o Jovem Esco, foi transformada desde o lançamento do single “Astro periférico”, em janeiro de 2022. O artista se tornou pai e, com a chegada de Yamandu, que completa dois anos em setembro, se reconectou com muitas coisas que tinha deixado para trás, como o desenho, os quadrinhos e os games. Durante esse afastamento da música, o rapper não deixou de produzir. Para fazer “Vilanesco”, o seu primeiro EP após três álbuns, lançados entre 2018 e 2020, Esco criou cerca de 30 beats e produziu cinco faixas que foram gravadas no estúdio Almanak, em São José, por Makalister e Beli Remour, que cuidaram da mixagem e masterização do material. A arte da capa foi desenhada por Jovem Esco, numa clara referência a MF DOOM e ao disco “Mm..Food” (2004), e retrata um pouco do que “Vilanesco” traz, inclusive essa relação com a paternidade. “Produzi a maioria das faixas com ele no meu colo, foi uma parada que me marcou bastante e refletiu nas minhas letras, por isso quis botar ele na capa, de certa forma ele estava presente naquelas linhas, quase como um feat”, contou.
Conhecido pela sua estética associada ao trap, Jovem Esco apresenta a sua melhor versão em “Vilanesco”. A influência do rapper e produtor mascarado, morto em 2020, se reflete também nas músicas: o EP tem uma pegada jazzy e se aproxima do boom bap. Apesar de não se apegar a rótulos, o artista acredita ter se encontrado musicalmente com o novo trabalho e pretende seguir nessa linha que experimentou. “O trap sempre foi a minha base, mas sempre estudei e ouvi muito boom bap. Não gosto de ficar dando nome, a gente usa para se comunicar, eu faço música”, comentou. Esco já está trabalhando no próximo trabalho, que deve ter sete faixas e vem do mesmo conceito que “Vilanesco”, mas melhorado, tanto em letra quanto em música. O EP foi um teste e marcou o começo de uma nova fase para o rapper. Em contato com o Rifferama, Jovem Esco falou sobre as inspirações desse último trabalho.
— Eu estava ouvindo muito MF DOOM na época, ele era fã de quadrinhos, de cartoon, de games, curtia cozinhar e também era pai. “Vilanesco” é uma expressão natural do que eu estava vivendo. Independente do gênero, procurei botar a minha identidade, e esse EP é só mais uma parte disso. A gente é muito mutável e isso está sempre refletindo nas minhas músicas. Me encontrei bastante nesse estilo que estou fazendo agora. Talvez como produtor eu explore outros estilos, mas é como se fizesse um pouco mais parte de mim como rapper. Eu estava um pouco saturado de autotune e beat de trap, queria algo exatamente como fiz nesse EP. Ele foi um teste, me permiti ir para um caminho que meu espírito falava que era o certo. O próximo EP traz tudo isso mais lapidado. “Vilanesco” serviu como um despertar e me deu gás para continuar trazendo mais e melhor disso, dessa musicalidade própria que encontrei em mim.
Foto: Victor Afonso