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Miguel Rosa se redescobre como artista compondo em português

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Natural de Bauru (SP), Miguel Rosa rodou pelo mundo afora e aportou em Florianópolis para produzir a sua arte. Pela vivência no exterior e, como boa parte dessa nova leva de cantautores, o compositor criava as suas canções para serem cantadas em inglês. Mas nem sempre foi assim — seus primeiros esboços de letras, ainda na adolescência, foram escritos na língua materna. Na última quinta-feira (4), Rosa apresentou “Instante”, seu quarto single em português. Essa mudança, uma escolha bastante estudada, trouxe um novo público para o músico, que se redescobriu enquanto artista.

“Mulungu”, a primeira dessa série de composições em português, foi um divisor de águas na carreira de Miguel Rosa, que saiu de 500 ouvintes mensais para 10 mil, sem ajuda de selo ou inclusão em playlist editorial, e ainda hoje é a mais escutada no Spotify com quase 53 mil execuções. Estudioso do mercado digital, o artista acredita que a ausência dessa barreira (idioma) entre a sua música e o público possibilitou chegar em mais pessoas. Em contato com o Rifferama, Rosa afirma que não vê sentido cantar em inglês vivendo no Brasil.

— A maior parte do meu público está no Brasil e a minha música não se conectava com as pessoas. “Mulungu” mudou tudo. Foi um momento de maturação e segurança de começar a me expressar (em português). Percebi que a conexão era muito profunda: quando tocava, tocava de verdade. Comecei a receber mensagens e percebi que precisava focar nesse caminho. É um novo momento. As pessoas me ouviam antes por soar legal, mas a letra na nossa língua mãe é algo que conecta no peito.

Em setembro do ano passado, o artista assinou com o Habrok Music para lançar oito singles até o fim de 2021. Além de “Instante”, Miguel Rosa produziu outras duas faixas para o selo, “Castelo coração” e “Valsinha de quinta” (“Mulungu” saiu em julho). O objetivo do compositor é experimentar, se aproximar de outros estilos, como já vem fazendo, e não ficar preso ao rótulo folk. Essas músicas serão compiladas em um álbum ao término desse processo.

— Lancei “Valsinha de quinta” para desconfigurar a cabeça de quem me escuta. Gostaria de entrar no indie, na nova MPB, se eu quiser fazer um bolero eu vou fazer. Estou compondo uma música que tem uma estrutura melódica como se fosse um sertanejo, que é muito da minha referência, mas quero dar uma roupagem mais indie pra ela. Não quero me prender nesse sentido. Todos esses singles pertencem a um momento, têm assuntos recorrentes, e tenho essa demanda também (por um disco).

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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