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“Singular”, título do primeiro álbum do cantor e compositor Nando Müller, lançado no dia 24 de fevereiro, não poderia ter outro nome. A começar pela sonoridade, que pode ser categorizada como folk, mas carrega forte influência da MPB, principalmente no ritmo desacelerado, e ainda traz toques de indie rock, como em “Casas coloridas”, uma das quatro canções apresentadas antes de divulgar o álbum na íntegra nas plataformas digitais. Produzido por Breno Branches, o material, que tem dez faixas, levou quatro anos para ser finalizado, processo que vai de encontro à urgência do mercado da música: os singles saíram entre 2020 e 2021. Além de Branches, que tocou bateria eletrônica, participaram das gravações Vitor Busarello (guitarra, baixo, piano e bateria), Nicolas Pedroso (flauta), Barbara Cosmo (voz) e Lu Maciel (voz). Do repertório completo, apenas “Olá” foi captada em estúdio, no Rota 66, em Joinville.
Natural de Guaratuba (PR) e radicado no norte do estado, Müller começou oficialmente a sua carreira na música com o EP “Acústico”, em 2018, ano em que soltou mais três singles. Em 2020, já trabalhando em “Singular”, o cantor e compositor liberou outro registro, uma sessão ao vivo com três faixas. A demora para concluir o álbum se deu pela incompatibilidade de criar a estética que o artista imaginava para o trabalho nos estúdios da cidade e região. A saída encontrada para dar cara ao projeto foi gravar de forma caseira, com o também músico Breno Branches, o que jogou um verniz lo-fi sobre as canções. Em contato com o Rifferama, Nando Müller, que faz o show de lançamento do disco no dia 12 de maio, falou sobre a sonoridade de “Singular” e o sentimento de estar na contramão.
— Eu tinha um punhado de composições e estava atrás de uma estética, conheci o Breno por outros caminhos da vida musical, gostava do som dele e queria que o álbum tivesse essa sonoridade indie meio brazuca, me parecia ser a pessoa que entenderia o que eu queria transmitir. Eu queria experimentar coisas do tipo um microfone ruim mesmo, um cabo chiando, a imperfeição das coisas têm a sua beleza, queria que “Singular” carregasse isso dentro de uma qualidade sonora aceitável e não uma coisa muito louca. Eu tinha a ideia de ser um disco dançante e ele foi se tornando mais intimista. Ele não conta uma história, mas queria que ele tivesse uma sonoridade. Estou brigando com o tempo na música, exigindo das pessoas essa calma, enquanto temos uma velocidade musical muito grande. O nome é quase uma afronta, vejo que estou na contramão de todo esse imediatismo que os artistas têm lidado.
Foto: Daniel Machado