*por Vlad Brasil
Não é de hoje o saber que as bandas do então rótulo “rock gaúcho” beberam em fontes indeléveis do rock inglês: The Beatles, Stones, The Who, etc.. Podemos perceber isso nas bandas da década de 80: Os Cascavelletes, TNT, Garotos da Rua, e também na galera dos anos 90 e 2000, como Cachorro Grande, Bidê ou Balde, Cartolas, Vera Loca, entre outros. Essa informação não é novidade. E também não é por nada que essas bandas tornaram-se ícones do rock nacional. É um rock produzido com vontade e por roqueiros.
Mas daí você acaba se deparando com o som de uma banda que você tem bem pouco conhecimento, escutou umas duas, três vezes no máximo, e já na primeira música você fala consigo mesmo: “Ah! Tem som de rock gaúcho, jeito de rock gaúcho, as mesmas inspirações que o rock gaúcho… só pode ser uma banda de rock gaúcho. Pronto, você acabou de rotular. Mas daí você já está escutando a mesma música pela quinta vez na mesma tarde e fala consigo mesmo de novo: “Mas o som é bom para caralho” (acho que dá para escrever palavrão aqui!). É muito gratificante como pesquisador, amante, apreciador do rock, ser surpreendido com um som familiar e, ao mesmo tempo, novo e muito agradável aos ouvidos. Esse é o som dos Variantes e o seu novo disco “Pra variar”, rapaziada de Chapecó.
A música de abertura do disco, “Mentiras de estimação” já convida a ir para a estrada, meter o pé no acelerador e sentir o vento no rosto. Na sequência, “Presença plena”, um country rock muito bem feito, com melodias que soam muito bem. A seguir, “Malícia”, temos uma bela balada rock’n roll na linha do Oasis. A calmaria de “Consciência” sugere a buscar algo no seu íntimo. Mais duas faixas merecem ser destacadas, “Sorte grande” e “Venha comigo embora”. Nesta última temos um soul/funk que lembra o velho gordo fantástico que tinha uma paixão por querer aumentar o som do retorno. Já em “Sorte grande” os fãs dos Beatles gostarão muito, pois o som está muito agradável e digno de uma audição mais aguçada.
Bom! Se é rock gaúcho, rock catarina ou rock inglês, não vou rotular, e nem tenho essa pretensão, o que posso dizer com muita certeza é que os Variantes são o bom e velho rock’n roll feito com vontade, sinceridade e desejo. Esse é o espírito do rock. O resto é feito para agradar gregos e troianos.
Foto: Rodrigo Scandolara
*Vlad Brasil é teólogo, historiador, professor, músico e criador do canal Rock no Vinyl