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*por Mayer Soares
O Elevador sempre foi uma banda que causou curiosidade. Qualquer lançamento deles é esperando um som não menos que interessante e especial. E eles não decepcionam. Aliás, entregam mais do que se espera. “Nada para num instante” é o novo trabalho do quarteto de Itajaí, que sem medo, está entre os grandes criativos de Santa Catarina, e por que não, do país?
A sonoridade é um tanto similar aos álbuns anteriores — o que faz deles uma banda com identidade. Mas onde está a surpresa? O amadurecimento. Comparado com outros trabalhos d’O Elevador, “Nada Para Num Instante” é superior na captação, na mixagem e tantos detalhes técnicos que ressoam no ouvido músicas lindas. Desde a escolha dos timbres, passando pela estética sonora, “Nada para num instante” chega em igualdade com grandes produções nacionais. E por falar em timbres, é nisso que O Elevador até mesmo se difere entre os artistas catarinenses. Existe certa inspiração de bandas contemporâneas como Mcbaise ou Orion Belts, que certamente tomam da mesma fonte “pop elegante”. O grupo se aproveita disso para criar o seu próprio ambiente sonoro.
Gustavo Barbosa é dono de um timbres vocais mais bonitos. E o tratamento que sua voz ganha na mix deixa tudo mais ambientado e imersivo. A bateria de Alexandre Schafaschek é charmosa do começo ao fim. Mais do que virtuose, e eles não precisam disso para mostrar que são músicos incríveis, a precisão de Alexandre dita o tom do álbum. Thiago de Paula continua inventivo com seus dedilhados e notas curtas na guitarra e Thalison Moschetta é um baixista que faz a liga sonora entre bateria e guitarra com bastante sentimento — e que timbre maravilhoso. E O Elevador prova mais uma vez que uma banda de rock não se faz só com guitarras e pedais mirabolantes. O uso de sintetizadores e teclas é eficaz e faz a ponte do antigo com o novo, mas buscando seu próprio caminho. “Mar de solidão” e “Submarino” são exemplos disso e atestam a qualidade do quarteto.
Há surpresas maravilhosas como “Quadrados”, que apesar do violão, é longe de ser uma canção acústica. A própria faixa-título é uma aposta de “duvido tu ficar parado”. É empolgante, dançante e também reflexiva. “Sua ilha” é de uma sequência melódica absurdamente bonita e encerra esse trabalho melhor do que começou. A cada novo trabalho dessa banda é um verdadeiro sorriso no rosto. Aquela sensação de vida feliz que a música muitas vezes nos causa. O Elevador é gigante, e com o perdão do trocadilho, vai continuar subindo. E torcemos por isso.
Foto: Romero Dominguez
*Mayer Soares é músico, ilustrador, geek e designer paulistano que adotou Floripa como sua cidade. Fã ardoroso de HQ, ama o cenário autoral catarinense e integra a banda UmQuarto