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Aline Vieira (Bombinhas) — “Mar de dentro”
Se arteira é quem faz arte, Aline Vieira é das grandes. A cantora, compositora e violonista tem 15 anos pelo menos de uma trajetória que passou pelos bares, pela cultura popular e chegou aos cinemas. A dedicação aos Cantadores de Engenho, projeto que registra a memória de Bombinhas por meio de música e poesia, foi o ponto de partida para a produção do seu EP de estreia, “Mar de Dentro”, que traz quatro canções escritas pelo poeta Marcos Aurino Pinheiro, e “Saudádiva”, presente que ganhou do parceiro João Sobral. “Mar de dentro” mistura a MPB, com referências de Gil, Caetano, Marisa Monte e Lenine, mas também bebe da fonte da cultura popular da região. O EP tem uma sonoridade regional moderna, com arranjos elegantes, bastante percussivo e a voz cheia de sotaque de Aline: é música catarinense de verdade.
Borgdroid : Mechadrone (Florianópolis) — “Faber Effects”
A BORGDROID : MECHADRONE começou a desenhar os primeiros esboços de “Faber Effects” em 2018, como um trio, formado por Lucas Brentano (guitarra e voz), Vitor Garcez (baixo) e Junior Somensi (bateria). Até encontrar a sua própria identidade e entrar em estúdio para gravar, a banda virou um quarteto, com a entrada de Lucas Zunino no baixo — Garcez assumiu a segunda guitarra. Com referências diversas, do rock clássico, mas também de outros estilos como stoner, progressivo e industrial, o grupo traz um clima sci-fi nas seis faixas do EP, tanto nas letras quanto na estética (musical e visual). “Faber Effects” aborda questionamentos comuns a todos os seres humanos, gerando contemplação e catarse. Musicalmente, o material é pesado, mas limpo, com uma performance inspirada dos integrantes.
Coentro (Florianópolis) — “Tudo aquilo que poderia ter sido e que foi desde o começo”
Eduardo Possa (guitarra) e Jean Vicentini (baixo) se conhecem desde crianças e estudaram a vida inteira juntos. Mesmo quando se separaram geograficamente, com um morando em Porto Alegre e o outro em Florianópolis, continuaram participando das mesmas bandas: gravaram e fizeram shows com Irmão Victor e Exclusive os Cabides, já com os dois radicados na Ilha. A coentro surgiu para dar vida a aquele sonho antigo (e compartilhado) de ter um projeto juntos. Bruno Abatti (bateria) chegou para somar na ideia de fazer um som instrumental livre de rótulos, que resultou em “Tudo aquilo que poderia ter sido e que foi desde o começo”. O material mistura referências diversas, do jazz ao hip hop, passando pela música brasileira, utilizando beats e samples para incrementar a sonoridade imagética apresentada no EP.
Daniel Arena (Florianópolis) — “Europa”
Quando anunciou, em 2021, a série de quatro EPs inspirada nas maiores luas de Júpiter que foram descobertas por Galileu Galilei, com “Callisto”, o objetivo do cantor e compositor Daniel Arena era lançar todos volumes até 2022. A quadrilogia só foi encerrada neste ano, com “Europa”: “Ganymede” saiu em janeiro e “Io” foi divulgado em 2023. Os registros compartilham uma particularidade de ter um convidado — o artista gravou com Benjamin Existe, Hugo Veldsman e Dani Ferretti. A diferença para o feat dessa vez é que Leo Vieira assina “Uma segunda”. Além dessa faixa, Arena também gravou “O tempo e o navegar”, single que abriu a temporada de divulgação do EP. A experiência de escrever em português foi desafiadora e trouxe novas possibilidades para Arena, que pretende (felizmente) seguir esse caminho.
Dirty Grills (Florianópolis) — “Dirty Grills”
“O EP fala sobre sobrevivência e mecanismos de defesa que toda mulher precisa criar para conseguir viver e ser vista nessa sociedade opressora e machista”. Essa frase da vocalista e guitarrista Jéssica Gonçalves apresenta o discurso contido no segundo trabalho das Dirty Grills, que conta com Mariel Maciel na bateria. O registro também representa uma evolução estética em relação ao EP de estreia, “Faz teus corre, irmão”, que saiu em 2022. Gravado em São Paulo, no Estúdio Aurora, “Dirty Grills” teve produção de Carlos Eduardo Freitas e Júlio Miotto, velho conhecido da cena catarinense, que também fez a mixagem e masterização. Além do salto em qualidade sonora, o novo material representa fielmente como soa ao vivo o duo mais barulhento de Florianópolis, que mistura a sujeira do stoner com a fúria do punk. Jéssica e Mariel nasceram para tocar juntas.
Gabriela Silveira (Florianópolis) — “No grito do temporal”
A cantora, compositora, percussionista e arte-educadora Gabriela Silveira nasceu em Belo Horizonte (MG), mas se mudou com a mãe para Florianópolis quando tinha três anos de idade. Por aqui, a multi-instrumentista estudou piano, violão e canto antes de decidir pela percussão. Vivendo em São Paulo desde 2013, Gabriela é graduada em música pela USP e formada em canto e percussão no renomado Conservatório de Tatuí (SP). O primeiro trabalho autoral chegou em 2018, com o álbum “Corrente”. Quase seis anos depois, a artista apresenta a sua obra-prima, a suíte “No grito do temporal”. São três canções escritas em parceria com Paulinho Brandão e conectadas numa mesma faixa de 20 minutos, unindo a música brasileira e instrumental com a poesia, com um trio de percussão, piano, flauta e violino. A produção é da saxofonista e arranjadora catarinense Gaia Wilmer.
Geum (Balneário Camboriú) — “Piscina”
A carreira de Geum como produtor começou pela necessidade de ser respeitado como artista. Entre 2012 e 2014, ainda como Leandro G1, o músico fez dois álbuns e chamou a atenção para o seu trabalho dentro do estúdio. Nos últimos anos, Geum se envolveu em projetos como Ruas Diferentes, Oito8, Sad Days, além da carreira solo e parcerias com Maloka Nunes, Lucca Poeta, Pablo Rodrigues, entre outros nomes da região. Neste ano, Geum escreveu mais um capítulo da sua trajetória com o lançamento de “Piscina”, que representa uma guinada para o pop, se distanciando do rap dos seus registros anteriores. Apesar de ter divulgado outros materiais, como o EP “Minha vez”, em 2016, e diversos singles, o artista chegou no nível que gostaria de apresentar ao público com “Piscina”, que tem arranjos flutuantes”, é o seu trabalho com maior potencial até o momento.
Leo Dressel (Joinville) — “Volume I”
Desde 2019 vivendo em Toronto, no Canadá, o compositor, guitarrista e produtor Leo Dressel, de Joinville, conheceu um sentimento que não tinha por aqui: o orgulho de ter nascido brasileiro. A sensação de pertencimento que desenvolveu estudando Tom Jobim influenciou Dressel a fazer “Volume I”, EP em que emprega referências da bossa nova e assume a identificação com a obra de mestres como Moacir Santos, João Donato, Marcos Valle, Luiz Bonfá, entre outros. O material, inclusive, traz “Tudo aquilo”, primeira canção escrita em português pelo artista, que entre mudanças de estilos e pausas, lançou um EP em 2015 e um álbum em 2019. “Volume I” foi gravado por Leo Dressel (voz, piano, cordas, baixo, violão clássico e guitarra), Jeremy Ledbetter (piano em “Life”), Rob Christian (flauta e flautim) e Marito Marques (bateria).
Luiz Zago (Lages) — “Solitude”
O pianista, compositor e arranjador Luiz Zago tem um currículo que fala por si. Além do trabalho com orquestras, o artista tem uma carreira como solista em que consegue expressar as suas influências. Com quatro álbuns lançados, sendo dois autorais, um mais brasileiro, “Até amanhã”, de 2010, e o jazzístico “Momentum”. O improviso é o fio condutor entre os seus registros como compositor, característica que o pianista deixou para trás no seu novo EP “Solitude”. O improviso ainda faz parte do material, no sentido de que as peças surgiram de forma espontânea, tentando achar caminhos, melodias e harmonias, mas esse trabalho marca uma transição para a música escrita. “Solitude” abraça o erudito e mira no minimalismo, mas preserva a essência da melodia brasileira.
Repulsores (Schroeder) — “Apocalipse falhou”
O retorno de uma banda sempre deve ser comemorado. Principalmente se ainda mostra que tem algo a oferecer. Os primeiros dez anos da Repulsores, entre 1998 e 2007, foram de bastante atividade. O trio de Schroeder lançou duas demos e dois discos nesse período: “Possuído” (2002) e “Proliferação do mal” (2007). Rafael Wolf (voz e baixo), Maycon Giliolli (guitarra) e Marcio Elert (bateria) nunca deixaram de tocar juntos e chegaram a fazer alguns shows durante esse hiato, mas a decisão de voltar de verdade foi tomada em 2022. “Apocalipse falhou” traz uma versão mais extrema da música da banda, que começou fazendo crossover, uma mistura do hardcore com o metal. O trio tirou o pé do acelerador, fazendo músicas mais cadenciadas e pesadas, soando mais thrash metal.
Silvia Abelin & Wilson Souza (Florianópolis) — “Mar aberto”
“Mar aberto” é a celebração ao amor pela música que uniu Silvia Abelin (voz) e Wilson Souza (violão e voz). A produção do EP aconteceu em maio deste ano, quando a cantora e compositora estava grávida de sete meses de Flora, filha do casal de artistas. Gravado ao vivo no estúdio Brasil Nativo, em Curitiba, pelo engenheiro de som Beto Japa, o EP traz cinco canções, incluindo “A sina do querer”, música escrita pela dupla. Silvia assina “Carreira solo” e a faixa título, parceria com Antônio Porto, enquanto Souza contribui com “Agora eu vou” — “Ambição abissal”, de Bruno Kohl e Mauro Aguiar, fecha o repertório. “Mar aberto” tem um clima de intimidade e sintonia palpável, com dois artistas no auge da inspiração. Mais um bom exemplo do nível da música popular feita no estado.
Vitor D’lin (Joinville) — “Deixa eu tentar mais uma vez”
Até optar pela música, o cantor, compositor e multi-instrumentista Vitor D’Lin tentou uma série de caminhos diferentes. Grande fã de rap, o músico tinha o objetivo de seguir carreira como beatmaker e se tornou bacharel em bateria e percussão pela Univali. Após o curso, D’Lin voltou para a cidade natal, Joinville, para dar aulas em uma escola, mas a pandemia mudou o rumo das coisas. A maneira que encontrou para lidar com as crises daquele momento foi cantar e esse processo de cura gerou as cinco canções apresentadas no seu EP de estreia, “Deixa eu tentar mais uma vez”. Gravado em takes únicos no estúdio do produtor musical Elieser de Jesus, em Itajaí, o EP traz Vitor D’Lin na voz e no violão, com exceção de “Ali sentado”, em que toca teclado. “Deixa eu tentar mais uma vez”, que fala das suas experiências de vida, é um autorretrato sensível.