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Um dos programas preferidos da filha do violinista Mario Marçal Jr., Valentina, de apenas três anos e meio, é ver o Boi de Mamão. Certo dia, o músico começou a tocar um tema da brincadeira em casa e recebeu a aprovação imediata da pequena. Naquele momento teve um estalo. E se ele fizesse um álbum contando a história de uma das tradições mais populares do litoral catarinense, oficializada patrimônio imaterial cultural de Florianópolis pelo decreto 20.629/2019? E foi assim que surgiu “O Boi de Mamão”, trabalho autoral de estreia do Quarteto Nume, formado na época da gravação, neste primeiro semestre, pela também violinista Iva Giracca, pela violista Mariana Barardi e pela violoncelista Gabriela Bock. Com produção musical, captação, mixagem e masterização de Marçal Jr. e artes de Mariana, o projeto foi selecionado pelo Edital D+ Lei Paulo Gustavo LPG SC 2023 – executado com recursos do Governo Federal e Lei Paulo Gustavo de Emergência Cultural, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.
“O Boi de Mamão” traz sete faixas, que foram escritas por Javier Venegas e brincam com as melodias e personagens conhecidos (Maricota, Bernunça, a benzedeira e mais) dessa manifestação cultural, registrada pela primeira vez no estado em 1870, nas proximidades da Praça XV de Novembro, em Florianópolis. O grande trunfo do disco é trazer a cultura popular para a música erudita, algo que o Quarteto Nume soube fazer com maestria, executando os arranjos criados por Venegas. Contar uma história apenas com as cordas fazendo o instrumental foi um desafio, tanto para o compositor, quanto para os músicos, todos integrantes da orquestra Camerata Florianópolis. Em contato com o Rifferama, o produtor executivo Mario Marçal Jr., falou sobre a inspiração para tirar o projeto do papel e também sobre a musicalidade de “O Boi de Mamão”.
— A minha filha não pode ouvir falar do Boi de Mamão, ela sempre quer ver. Eu estava no estúdio e comecei a tocar um tema e ela adorou. Não achei nada relacionado para cordas e foi na mesma época em que saiu esse edital. No início pensei em eu mesmo fazer, mas o Javier é um cara super criativo, ele não conhecia muito a tradição, então a gente foi envolvendo ele na cultura, fiz o papel de produtor mesmo, dando a direção para ele na questão da escrita, do que a gente precisava. O Boi de Mamão é uma história muito verbalizada, sempre tem alguém narrando, as melodias são bem simples, tivemos que dar um jeito de traduzir para a música pura, sem letra, sem voz. Qualquer melodia pode ser transformada em erudita. O Beethoven com um toque de batida de porta fez uma sinfonia. É uma experiência criativa muito bacana pegar qualquer som e tentar reproduzir, tirar algo belo daquilo, transpor outras coisas que não são próprias daquele instrumento. Gosto dessa mistura.
Foto: Tóia Oliveira
Uma ideia genial! Parabéns para os músicos e compositores. Que alcance muitos ouvintes.