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No fim de 2019, o cantor e compositor Tato Moura, deixou São Paulo numa Kombi com os dois filhos e a ex-companheira, mais as três mil cópias do seu primeiro disco, “Tato”, lançado naquele ano, com o objetivo de rodar a América Latina. O artista tinha deixado um emprego estável para se dedicar à música. Com a pandemia, a aventura foi encurtada no Rio Grande do Sul, residência da família por um ano e meio, até voltar para Florianópolis, onde viveu entre 2006 e 2014, se formou arquiteto e se politizou. Natural de São José do Cedro, no Extremo Oeste de Santa Catarina, Tato Moura decidiu voltar em 2021, quando prestou o vestibular para Música na Udesc. Desde então, lançou um EP infantil (“Casa mágica”, 2023) com a violonista Ledice Fernandes, que conheceu em São Paulo, e montou o estúdio Laboratório Ladera Musical, no Ribeirão da Ilha, em parceria com o também compositor Leo Caipora, para produzir os seus próprios trabalhos e de outros artistas.
O single “Raiou”, lançado na última quinta-feira (10) nas plataformas digitais, é o primeiro fruto do novo espaço. A faixa foi gravada no LabLadera por Tato Moura (voz e violão), Alexandre Damaria (percussão) e Angela Coltri (flautas), enquanto Trovão Rocha (baixo), que também é o arranjador da música, fez a captação no seu próprio estúdio. “Raiou” integra um EP de três canções intitulado “O real”, e é a música que fecha o material, que foi mixado por Francis Pedemonte e masterizado pela dupla Moura e Caipora. Além desse lançamento futuro, agendado para agosto, o cantor e compositor tem um show registrado em áudio na Udesc, que traz o repertório do EP e várias canções inéditas que também devem ser disponibilizadas nos streamings: o objetivo é utilizar a apresentação para inscrição em festivais e editais. Em contato com o Rifferama, Tato Moura falou sobre o single o conceito de “O real”.
— Eu sempre tive muito trabalho represado. Me juntei com um amigo e decidimos fazer uma parceria, estamos com um estúdio no Alto Ribeirão, onde produzimos os nossos sons e outros artistas. “Raiou” foi a minha primeira experiência de gravação em um espaço que eu estava coordenando. O EP é uma trilogia e “O real”, a primeira música, traz um processo que vivi ao longo da pandemia, o aprofundamento do estudo de psicologia, psicanálise, autoconhecimento. Fala sobre esse processo de se deparar com o mistério da existência, a sensação de incompletude do indivíduo e como a gente se movimenta nos espectros do desejo. “Desfaçatez” é um certo grito de indignação diante de situações da vida cotidiana, do mundo, da sociedade, que estão além do nosso controle. E “Raiou” é um pouco a síntese disso, da gente se perdendo e se encontrando nessa loucura, reconhecendo que a gente pode ser contraditório.
Foto: Julia Daros