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Valente revela seu diário de cura com primeiro álbum solo

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A MC, arte educadora, pintora, skatista e slammer paulista Valente (Samella Nayara Florenço de Melo) se apaixonou pelas palavras aos 12 anos de idade, quando atuou como multiplicadora em uma ONG de incentivo à leitura. O rap foi um destino inevitável para a artista, onde encontrou refúgio e a possibilidade de misturar poesia com a realidade. A sua formação como rapper aconteceu nas batalhas de rima em Florianópolis, onde morou seis anos e desenvolveu o talento no freestyle. “Voltei para São Paulo em 2024, mas a primeira vez que entrei em um estúdio foi aí, o primeiro show de rap foi aí, o começo de tudo. A minha filha é nascida em Floripa”, contou Valente, que lançou o seu primeiro álbum no dia 24 de junho nas plataformas digitais. “Muitas mortes inteiras para uma vida pela metade” foi produzido em parceria com (Gabriel) Chiarelli! e é o primeiro trabalho da MC pelo selo Sujoground (Matheus Coringa, Babidi, Goribeatzz, entre outros).

Com sete faixas e um interlúdio, o álbum é fruto de um período conturbado da vida da artista, que descobriu ser neurodivergente. Apesar da temática pesada, que se reflete na estética, um boom bap com clima escuro e levada jazzy em alguns momentos, “Muitas mortes inteiras para uma vida pela metade” aborda a esperança de uma vida longe de pensamentos negativos. A rapper só baixa a guarda quando se declara à filha em “Romaria à Lira” (assista o clipe). O apoio do selo foi fundamental nesse processo, não só profissional mas também pessoal. “Eles chegaram até mim através de uma amiga, vi que o estilo que eu cantava tinha tudo a ver com eles, eu diria que foi o primeiro lugar que eu realmente me encaixei, foi amor à primeira vista, tanto de lá quanto de cá. Eles foram uma família para mim, são muito além da música”, afirmou. Em contato com o Rifferama, Valente falou sobre o conceito do álbum e suas vivências.

— O álbum fala sobre os momentos em que a gente costuma esconder ou se esconder, da morte em vida e renascimento. A fase na qual o álbum foi produzido foi muito difícil, a música acabou me ajudando como um diário de coisas que eu estava sentindo. Ao mesmo tempo que o álbum tem essa densidade, de falar sobre a morte, existe uma esperança no fundo que move a gente, querendo ser mais, livrar a gente desses pensamentos. É um álbum remédio, de cura muito forte,  por isso o título. Apesar de ser uma garota jovem (28 anos), eu tive muitas mortes em vida e renasci muitas vezes. Nesse álbum abri muitas áreas da minha vida que ninguém conhece. É como se fosse uma viagem, desde o primeiro pensamento de morte até onde reconheço as coisas que sou e que posso continuar sendo, existindo, independente do que fui, porque ainda tenho coisas pra ser. O Chiarelli! e eu vivemos algo muito espiritual nesse álbum, tem beats que ele me mandou que eu cheguei a chorar escutando, sem entender o porquê, como se a gente estivesse conectado em música.

Ficha técnica

Capa/Colagem e contracapa: Servo
Capa/Lettering: Lucas Gonçalves
Capa/Finalização: Marcilio VSR
Mixagem e masterização: Matheus Antunes
Composição e interpretação: Valente
Instrumentais, direção artística e produção executiva: Gabriel Chiarelli
Produção executiva: Matheus Coringa
Distribuição: Symphonic Brasil

Foto: Xandi Pires

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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