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Filho e neto de nordestinos (o pai é baiano e o avô sergipano), o cantor e compositor Zaia Freire, que também é professor de história, vive em Joinville desde os anos 1990 e carrega a cultura do Nordeste no sangue. Depois de gravar um baião, lançado no ano passado, o artista volta a beber na fonte da música regional com o frevo “Bloco do desatino”, canção que saiu no dia 21 de outubro. E a referência à terra de onde veio a sua família não para no ritmo, a capa do single, feita por Carol Silva, traz uma releitura em cordel da “Última Ceia”, uma das obras mais famosas de Leonardo da Vinci (1452–1519). A faixa, que apresenta uma crítica social ao Brasil contemporâneo, vem acompanhada por um videoclipe filmado no pátio da Igreja Matriz de São Francisco do Sul, com direção de Kelwin Grochowicz (2k Estúdio).
“Bloco do desatino”, que nasceu de uma provocação de um amigo, que cobrou uma letra mais ácida, é uma música urgente, que tinha data para ganhar o mundo. O objetivo de Zaia Freire era lançar um EP neste ano, mas os trabalhos atrasaram em virtude de compromissos profissionais do produtor Gabriel Vieira e o compositor decidiu divulgar essa faixa como single. Além desse frevo turbinado, que teve as participações de Cadu Puccini na guitarra, Guto Machado no violão 7 cordas, Braion Johnny nos sopros e Rafael Vieira na bateria, o artista lançou em fevereiro a música “O nosso carnaval (Linha de passe)”. Em contato com o Rifferama, Zaia comentou sobre o tema do seu último lançamento, que critica “o discurso religioso do Brasil contemporâneo, que permitiu ser atravessado por um viés desumanizante, anticientífico e odioso.
— Essa música está presa a uma circunstância política momentânea. Surgiu a ideia de fazer um clipe em função da mensagem, escrevi um roteiro do que queria e de última hora resolvi colocar a faixa presidencial, que corresponde de fundo a ideia do que eu pretendia. Sequestraram as principais pautas do discurso cristão, sobretudo evangélico, mas aqui em Santa Catarina também há uma penetração muito grande no catolicismo. O Cristo da Santa Ceia é o que está na iminência de ser morto da forma mais bárbara e ainda assim ele divide o pão em 13 pedaços e partilha. A mensagem da Santa Ceia é a da solidariedade, que não tem nada a ver com esse discurso truculento que está aí, a crítica social de “Bloco do desatino” segue esse viés. Fiz a música já pensando que seria um frevo. Tenho uma história de vida ligada ao Nordeste.
Ficha técnica
Composição, voz e roteiro: Zaia Freire
Guitarra: Cadu Puccini
Violão 7 cordas: Guto Machado
Sopros: Braion Johnny
Produção: Gabriel Vieira (Estúdio Araruna)
Direção e cinematografia: Kelwin Grochowicz (2k Estúdio)
Capa do single: Carol Silva
Foto: Renan Bett