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Matéria atualizada no dia 2 de novembro de 2023
“demoz do kanto ezkuro doz kuartoz”, segundo álbum de Zé Tedesco, artista natural de Marília (SP) radicado em Florianópolis entre 2021 e 2023 (mora há um mês em Curitiba), está sendo construído faixa a faixa e compartilhado nas plataformas digitais na medida em que as canções são finalizadas. Inspirado no conceito de autoprodução de bandas independentes do passado e no texto “eztetyka da fome”, do cineasta Glauber Rocha (1939-1981), o cantor e compositor vem experimentando duas situações com esse processo fragmentado: o alcance orgânico (em número de ouvintes) vem crescendo, mas também o repertório vem ganhando novos contornos a cada lançamento na medida em que se desenvolve no ofício de registrar o próprio material. “Resposta ao terraplanista”, o 10º single do disco (de 13 no total), publicado no dia 1º de setembro, soa diferente de “O inverno está chegando”, primeira música dessa leva, que saiu em junho de 2021.
“Resposta ao terraplanista” é o quarto single divulgado neste ano por Zé Tedesco, que também lançou o EP ao vivo “Transe subtropical”, gravado em parceria com o conterrâneo Mahatma Groove. A canção representa uma guinada política na obra do compositor, que escreveu uma sátira (reproduzida também pela foto da capa) a respeito do movimento conservador que ganhou força nos últimos anos, reforçando teorias anticientíficas e quase medievais, nas palavras do artista, que já tinha usado desse expediente em “2020 foi um ano ímpar”, na qual versou sobre a pandemia do Covid-19. A próxima canção do álbum, “De corpo e alma”, chega em novembro, e as duas restantes ainda não foram produzidas. O planejamento é encerrar o processo em fevereiro, quando o artista pretende compilar todas as faixas em “demoz do kanto ezkuro doz kuartoz”. Em contato com o Rifferama, Zé Tedesco falou sobre os ganhos que vem observando durante a realização do disco.
— Meu Spotify cresceu muito. Eu tinha 50 ouvintes mensais no começo. Atualmente estabilizou na casa dos 1000. Mas falando do contexto artístico, vejo muita diferença de quando lancei a primeira música dessa série para a última. Todo o projeto eu gravei sozinho ou com músicos que poderiam gravar em casa. Comecei em 2021 com “O inverno está chegando”, uma música um pouco mais simples, depois dela nunca mais entrei num estúdio para produzir, tirando um EP ao vivo. Está cada vez mais experimental, inovador, pesquisando técnicas, tipo revertendo sons, fazendo várias camadas, usando coisas que não se faz na música ao vivo, tocando instrumentos um pouco estranhos, algumas percussões alternativas. Fui enveredando para esse lado do experimentalismo e isso ficou refletido no som e nas composições. Tenho tempo de amadurecer minhas autoproduções e seguir melhorando entre um e outro lançamento.
Foto: Brunno Alexandre