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Joana Castanheira aposta em tom intimista no primeiro EP*

*por Júlia Rubra

No verão de 2018 para 2019 Joana Castanheira lançou seu primeiro EP “Para”. Com Pedro Altério assinando a gravação, produção e edição, o EP tem um tom de intimidade: “Essas músicas são sobre as cartas que eu escrevi e nunca enviei. Hoje eu tomo coragem de enviá-las ao mundo, tomo coragem pra dizer todas as coisas que precisavam ser ditas”, anuncia Joana. Mesmo sendo seu primeiro álbum, este trabalho reflete a maturidade musical da cantora que, ainda jovem, já se aventura pelo mundo da música há bastante tempo.

Desde sua participação no programa da Rede Globo “The Voice Brasil” em 2016, Joana lançou dois singles com videoclipe e tem construído uma sólida carreira, principalmente através de seu canal no Youtube e das redes sociais. Foi por meio desses canais que Joana entregou seu EP físico, vendido em edição limitada. Com um tom intimista e pessoal, Joana visitou diversos municípios para entregar em mãos aos seus fãs esse EP/carta e os seguidores puderam receber uma dedicatória personalizada. O mesmo tom de revelação e intimidade perpassa por todo o EP, lançado digitalmente após essa pré-venda, numa pegada aconchegante de voz e violão que possibilita a Joana entregar junto com suas mensagens uma voz potente, técnica e com muita verdade.

O EP inicia com uma gravação de “Para, por favor”, onde se pode ouvir uma impressão de som ambiente. A faixa abre o EP entoando o refrão “Teu sol é em câncer e o meu em sagitário…” e revelando qual será a tônica do trabalho. Assinada por Aparecido da Silva e Joana, é uma abertura digna do que está por vir, refrãos com frases marcantes, fáceis de se relacionar. Joana também avisa para o ouvinte se preparar, pois nesse EP sincero, ela abre o coração para seus diversos destinatários.

Em “Para nós” a cantora divide os vocais com Pedro Altério e envia ao som de um violão bem marcado e harmonia simples uma letra sobre uma despedida. A combinação das vozes oitavadas deixa tudo mais intenso e sublime, elevando o tom de romantismo, no ideal das paixões fortes, mas desencontradas. Música de Joana, Pedro e Rita Altério. “Para Cledir”, parceria com Vitor Conor, entoa no violão um convite ao amor, onde Joana se deixa levar pelo tom de romance, se intitulando refém do amor. 

“Para mim” começa com um violão dedilhado que remete aos contemporâneos do indie pop nacional. Nessa faixa a cantora profere na terceira pessoa sobre sentimentos e desventuras numa letra rimada do princípio ao fim. A faixa que vem a seguir é a única em inglês do álbum, assinada por Joana com Ana Vilela. “To Eleanor” nos presenteia com um timbre macio e suave e um refrão digno das grandes estrelas do pop. A variação rítmica presente no violão deixa a música cheia de camadas de dinâmica que reforçam as impressões da mensagem do texto da canção. Uma canção linda e apaixonada.

Com um violão insistente, numa pegada minimalista, “Para (Des)Conhecido” rasga o coração do ouvinte e Joana aposta numa junção de um texto poético intenso e variações de intensidade melódicas para causar em quem escuta o efeito dessa mistura de entrega, dor, sofrimento e prazer que é amar. Na minha opinião a faixa mais emocionante do EP, a artista entrega o ápice de suas mensagens, já próximas do fim. Com timbre mais leve e um violão mais solto, “Para Ana” encerra o trabalho de maneira igualmente apaixonada, porém com menos tensões. Um refrão daqueles bem chicletes, deliciosos, bons para ficar cantando o dia todo. 

O EP Para mostra que Joana veio para ficar, trazendo muita verdade, técnica, dramaticidade e deixando todos à espera de seu próximo trabalho. É possível conferir sua voz de perto nos diversos shows que Joana já anunciou em sua agenda nas redes sociais, atualmente encabeçando também outros projetos como o show em que homenageia grandes nomes da música popular brasileira e também no projeto “Canta Lá” da youtuber Thalita Meneghim que visitará em parceria com outros cantores diversas cidades do Brasil. 

Foto: Ana Carol

*Júlia Rubra é cantora e baixista, professora de canto e musicalização infantil.

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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