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A intertextualidade de “Produto do meio”, single de WARLLOCK

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Após cinco álbuns, três EPs e pelo menos duas dezenas de singles e parcerias lançados entre 2018 e 2021, incluindo os trabalhos do duo Teoria do Caos, WARLLOCK continua sendo um personagem singular no rap catarinense. No primeiro semestre, o artista concentrou as suas atenções ao curso de Letras – Língua Portuguesa e Literaturas, mas rompeu a pausa forçada com os dois pés. Em junho, o cantor e compositor divulgou a agressiva “Mantra”, com produção de Ogaia, e no dia 25 de julho apresentou uma sequência para a faixa, “Produto do meio”, que tem beat de Ritsuka e mixagem e masterização de Alice Piink. Os dois singles serão compilados em um videoclipe de Matheus Trindade: será a estreia do fotógrafo no audiovisual.

Enquanto em “Mantra” o rapper assume uma postura de ataque, cuspindo as palavras, “Produto do meio” é mais contemplativa, como se fosse um pedido de desculpas em que WARLLOCK se reconhece moldado pelo ambiente em que cresceu. Para ilustrar a sua lírica, o artista produziu um visualizer com Francisco Antônio, da KTP RECORDS, filmado na praia do Moçambique, no Rio Vermelho, onde tanto ele quanto a produtora Ritsuka passaram boa parte da vida. Em contato com o Rifferama, WARLLOCK afirma que o novo single se relaciona também com o conto “Canção para ninar menino grande” (Unipalmares, 2018), da escritora Conceição Evaristo, que foi uma influência direta para escrever o texto pouco convencional do seu último lançamento.

— Em “Produto do meio” me desculpo por falar as paradas que falei em “Mantra”, mais no sentido de justificar, sou assim por ter vindo de onde vim, do Travessão, bem pertinho do Moçambique. É um lugar bem simbólico pra mim. A letra em si, para além desse pedido de desculpas, tento fazer esse movimento de retorno, de olhar pra dentro. O texto é diferente, não segue um padrão, não é só refrão e verso, tem ponte, umas repetições, é algo bem solto, até pra seguir o beat. Eu tinha lido um conto da Conceição Evaristo, uma preta fodona, e tem esse personagem que é mulherengo, mas muito mais denso do que isso quando se analisa o texto. Ele só é o que é por ter sido criado onde foi criado, o personagem também seria um “Produto do meio”, tem essa intertextualidade, essa relação da minha música com o conto.


Ficha técnica

Vídeo

Direção: Francisco Antônio
Assistente de direção: André F. Gil
Edição: Raphael P. Caldeira e Francisco Antônio
Fotos e design gráfico: Francisco Antônio


Música

Autores: WARLLOCK e Ritsuka
Beatmaker: Ritsuka
Mixagem e masterização: Alice Piink
Estúdio: KTP RECORDS
Selo: KTP RECORDS
Editora: KTP PLAY

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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