Natural de Campinas (SP), a cantora Dandara Manoela está em Florianópolis há quatro anos. Após se descobrir compositora, a artista percebeu que a arte e, especificamente a música, podem ser uma ferramenta política de transformação, de denúncia e de expressão. E esse é o seu objetivo com o álbum “Retrato Falado”, que será concebido por meio do Catarse. A campanha de financiamento coletivo arrecadou até o momento 30% dos R$ 25 mil pretendidos em apenas oito dias.
Vencedora do Prêmio da Música Catarinense de 2017 nas categorias “Melhor cantora” e “Artista revelação” com a Orquestra Manancial da Alvorada, um dos dois projetos dos quais integra (Cores de Aidê é o segundo), Dandara acredita que este é o momento certo para realizar o sonho de gravar o primeiro disco da carreira. Em contato com o Rifferama, a compositora diz que “Retrato Falado” é um trabalho bem pessoal, mas que também trata de questões que representam e tocam muitas outras pessoas.
– Não me entendia como compositora, não escrevia, e quando isso começou a acontecer vi a importância disso para falar das coisas que me incomodam e me angustiam. Entendo que a música para além do entretenimento se faz necessárias nos tempos atuais. A morte da Marielle fez isso ficar ainda mais forte e vivo dentro de mim. E a ideia de transformar esse cantar em CD é cavar mais esses espaços e ocupar. Lugar de mulher preta é onde a gente quer. Fica nítido que querem nos calar, mas não conseguirão.
“Retrato Falado” será gravado, mixado e masterizado por Rafael Pfleger no estúdio Pimenta do Reino e terá como convidados Marissol Mwaba (voz), Tiago Rodrigues (violão), Mateus Romero (baixo) e UBrother UB (percussão). O Cores de Aidê e a Orquestra Manancial da Alvorada são parceiros do projeto e planejam um show juntos para levantar fundos para a campanha, que encerra em 11 de maio.
Foto: Silvia Medeiros