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Os títulos das oito músicas do primeiro álbum da ZoidZ, que lançou quatro EPs entre 2005 e 2018, explicam o conceito de “Não vai sobrar ninguém”, disponível desde 2 de junho nas plataformas digitais. Segue o fio. “Este disco foi composto e pensado em meio ao pesadelo fascista. Quando a voz já engasgada tentou ser silenciada. Envolvidos numa avalanche de fake news e invasões de hackers. Sobrevivendo quase que por milagres. Uma noia sem fim, regada a tiros de borracha; de verdade, nas cabeças. Desferidos sem remorso enquanto quem dá a notícia, sem vergonha nenhuma, te deseja boa noite.”. Gravado em outubro de 2020, no MAU (Música e Arte Urgente), em Florianópolis, com produção musical, captação, mixagem e masterização de Ricardo “Rhino” Rocha, o registro traz um encarte em formato de zine, produzido por João Pedro Fernandes Borges, que está sendo vendido nos shows do grupo.
“Não vai sobrar ninguém”, além do discurso ácido e político, algo habitual na trajetória da banda, que completa 20 anos de atividade em 2025, talvez seja o lançamento que melhor represente o rock paulêra que o quarteto apresenta ao vivo. Formada atualmente por Alexandre “Gobo” Fernandes (voz e harmônica), Mauricio “Muri” Cossio (guitarras e voz), Daniel Braga (baixo e voz) e Eduardo “Dudz” Victor (bateria), a ZoidZ vem compondo o repertório do álbum desde o golpe da Dilma. “Fomos fazendo conforme as coisas foram acontecendo no país. É uma resposta do que a gente estava sentindo no momento”, explicou Dudz. Segundo o guitarrista Muri, “Não vai sobrar ninguém” teve que acontecer e quase se chamou “Infelizmente necessário”. Um trabalho tão urgente quanto o som praticado pela banda.
— Não que a gente não quisesse fazer o disco, mas é que ele carrega o peso da época. Uma época de angústia, de nó na garganta, onde gritar era necessário. As músicas simplesmente foram acontecendo, entre a varanda e o estúdio do MAU, olhando o mundo e o caos que se desenha. Composto do golpe em diante; gravado na pandemia; lançado agora. Tinha que refletir o tempo e assumir a posição: sempre antifascista. Denunciar os vermes que se reproduzem em atos de violência estatal, econômica e ideológica. Não tínhamos opção. Esse disco teve que acontecer. Pela voz que nos foi tirada, ou nunca dada. Por causa do tiro da polícia que só não encontra um tipo de corpo, enquanto todos os outros tombam num genocídio centenário. Pelo preconceito que insiste em assombrar. Pela tensão que contamina todas nossas relações. Pelas bolhas que precisamos furar.
Foto: Betina Schmidt Ortiz
Banda fantástica, ótimas letras e com som direcionado