*Revisão e pesquisa: Marina Luíza
A polarização que chegou ao seu auge durante as eleições deste ano teve reflexos, também, no cenário musical. A pergunta que muita gente se faz é a seguinte: os artistas devem tomar partido? Angela Daves, filósofa e ativista, diz que “o profundo papel do artista é colocar uma nova consciência”. A arte é a linguagem legítima para se chamar atenção. Estamos no país que mais mata LGBTs no mundo e Santa Catarina teve a maior média (65%) de eleitores a favor do adversário de Fernando Haddad. Por isso, a resposta é sim: fazer música é um ato político
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Os artistas devem se posicionar politicamente?
Aqui no estado tivemos dois casos emblemáticos da reação que pode causar quando convicções são expostas ao público. O compositor John Mueller, de Blumenau, conheceu o lado opressor dos seguidores do candidato fascista. Bastou aderir à campanha #elenão que choveram centenas de comentários agressivos. A reação pode ser considerada normal, infelizmente, pois a sua cidade registrou 71% dos votos para o representante do PSL.
Por outro lado, a Ponto Nulo no Céu confirmou que os seus fãs fizeram o dever de casa. No comunicado postado nesta segunda-feira (22), que teve mais de 1,6 mil curtidas e cerca de 170 compartilhamentos, a esmagadora maioria das interações corroborou o texto que diz “a mensagem é simples: somos pelo bem coletivo e pela preservação da diversidade de ideias que só têm a enriquecer nossas vidas”. Não esperava outro posicionamento.
Também tivemos contribuições importantes em forma de música. O rapper Cal Will, de Criciúma, lançou no dia 9 o verso livre “FaSCismo #elenao”. Do rap também veio “Manifesto não é hit”, do grupo Panorama Inverso. A dupla Kia Sajo e Ian Fabris gravou a urgente “Entre linhas” (que obra!). A última a sair foi “Notícias tuas”, dos Gambitos, disponibilizada no fim da noite desta quinta-feira (25).
A decisão é sua. Vote consciente.
“É uma obrigação artística refletir o meu tempo”, Nina Simone
Arte: Ricardo Vilela