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O pianista e compositor Edson Sant’anna começou a tocar ainda criança, em Joinville, primeiro na igreja, acompanhando os mais velhos no violão e depois passou para o teclado quando os amigos do bairro tiveram a ideia de montar uma banda. A descoberta do jazz transformou o catarinense em um estudioso do instrumento. Vivendo em São Paulo desde 2005, Sant’anna estudou com Almeida Prado e se formou em piano erudito, composição e também se tornou mestre em música. Com muitas gravações no currículo, incluindo trabalhos de outros artistas, participação em trios e outros projetos, faltava um álbum para chamar de seu. Em 2017, o pianista lançou o registro ao vivo “Bopville”, um estudo da linguagem do jazz gravado em quinteto e também uma homenagem aos seus ídolos. Um trabalho importante, mas que não contempla o artista na sua totalidade. “Edson Sant’anna Trio”, divulgado em 31 de janeiro, tem esse caráter representativo.
Gravado em dois dias de fevereiro do ano passado no estúdio Gargolândia (SP), com captação, mixagem e masterização de Tiago Monteiro, o primeiro álbum de estúdio de Edson Sant’anna conta com sete faixas, sendo três versões e quatro temas autorais. O trio é formado por Bruno Migotto (contrabaixo) e Bruno Tessele (bateria) e faz uma música que dialoga com as principais referências do pianista, que são o jazz, a música brasileira e o erudito. Mas a criação é coletiva e o improviso é parte fundamental dessa mistura: a composição é o norte, mas muito do que se ouve em no disco não foi combinado — algumas das passagens são feitas em tempo real, no estúdio. Por isso que Sant’anna fala em fotografia ao descrever a sonoridade desse trabalho. Em contato com o Rifferama, o pianista comentou sobre a sintonia com o seu trio, trunfo da musicalidade apresentada no álbum.
— O álbum que estou lançando agora é uma fotografia muito mais realista sobre as minhas ideias de música e poética musical. Ele tem uma fotografia mais atual dessa síntese da música brasileira, jazz e música clássica. O “Bopville” fiz para soar como aqueles quintetos de jazz e para os músicos improvisarem. Esse de trio é um álbum de improvisação coletiva. Como a gente toca há muito tempo juntos, a gente já tem uma linguagem, se conhece muito musicalmente. O que rola não é só a improvisação em cima das composições ou arranjos, é a criação em tempo real, novas partes paras as músicas que não estavam combinadas antes. A gente está o tempo todo negociando com as partes compostas com partes que a gente não tem a menor ideia do tamanho, do quanto vamos esticar, depende da improvisação na hora. É uma das coisas mais bonitas de se fazer em música, só acontece quando você está com pessoas com quem você tem alta sintonia musical. A gente respira junto, pensa junto, os três adoram improvisar.