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EP “Magic Island” celebra a Ilha na visão de um estrangeiro

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“Magic Island”, uma parceria do cantor e compositor norte-americano Corey Kilgannon com o pianista Alexandre Lunardelli, seria especial somente pelas músicas contidas nesse registro, mas ele fica ainda melhor quando sabemos as razões para esse trabalho existir. Os artistas se conheceram em Nashville (EUA), onde o manezinho atuou como arranjador entre 2015 e 2016. A amizade que começou ali se estendeu para o campo profissional e Lunardelli escreveu os arranjos de cordas para muitos dos lançamentos de Kilgannon, incluindo de “She Is Blue, I’m the Gray” (2016), o seu trabalho mais bem-sucedido nas plataformas digitais — as três faixas somam mais de 13 milhões de reproduções. O catarinense retornou para Florianópolis no ano seguinte e recebeu a visita do amigo, que passou um mês na Ilha e compôs quase todo o repertório do EP. A dupla tentou fazer “Magic Island” a distância, mas o projeto foi engavetado. Até que numa ligação no ano passado Corey descobriu que Alexandre deixaria o país para estudar na Espanha (Berklee em Valência). Na mesma hora em que desligou, o músico comprou as passagens sem saber como aquilo seria feito. “Eu acreditei nele. Eu lembro de perguntar se o estúdio tinha um site e ele disse que não, que o Paulo (Costa Franco) gostava de dar rolê na praia. Eu apareci lá sem ideia do calibre dos músicos que ele iria contratar”, contou.

“Magic Island” foi gravado em março deste ano, no Ouié Estúdio, no Sul da Ilha, com arranjos e direção musical de Alexandre Lunardelli e produção executiva de Davi Tekle Scherer. A ficha técnica dá a dimensão da riqueza desse trabalho. Participaram das sessões Eduardo Pimentel (violão), Rafael Calegari (baixo), Fábio Mello (flauta e saxofones), Gabriel Barbalho (trompete), Carlos Schmidt (trombone), Marcelo Portela (rabeca), Alexandre Damaria (percussão), Neno Moura (bateria), além do coro da Casa da Tita. Corey Kilgannon escreveu as seis faxais (quatro em parceria com Lunardelli), todas com letras em inglês, tocou viola caipira, violão, gravou palmas e sinos. Em contato com o Rifferama, o cantor e compositor, que não fala português, disse ter a vida transformada depois que conheceu Florianópolis. O artista também espera que as canções do EP consigam transmitir a beleza do que foi o processo que gerou “Magic Island”.

— Eu realmente amo esse EP. A amizade com o Alex definitivamente é o núcleo disso. Nos conhecemos talvez há sete ou oito anos, ele arranjou as cordas de muitos dos meus trabalhos. É uma amizade que só foi crescendo. Em 2017 fiquei um mês com ele na primeira vez que visitei Florianópolis e escrevemos algumas músicas, como “Lady Lagoa” e “Silver of Moonlight”, o resto eu escrevi em março quando voltei. A gente apenas sonhava em gravar essas canções, fizemos uma tentativa de gravar remotamente uma ou duas vezes, mas nunca fez sentido fazer isso sem eu estar aí. Todo mundo que gravou era de classe mundial. Foi um projeto lindo, a gente se deu muito bem, estou honrado e muito grato de ser convidado ao mundo de outra pessoa, conhecer outra cultura. Eu aprendi muito sobre Florianópolis, sinto que a minha vida foi mudada para o melhor por visitar esse lugar. Espero que a música reflita isso.

Segundo Alexandre Lunardelli, “Magic Island” mostra uma Florianópolis nas percepções de um estrangeiro que pisa aqui pela primeira vez. As letras abordam temas relativos à Ilha da Magia, como os contos folclóricos das bruxas, a lenda da formação das lagoas da Conceição e do Peri, além de experiências pessoais de Kilgannon pela Capital. A faixa título, por exemplo, foi inspirada após um passeio de caiaque pela Barra da Lagoa, onde avistou um cachorro cruzando o canal ao pôr-do-sol. Musicalmente, o EP traz uma mistura da identidade do cantor e compositor norte-americano, que é conhecido no gênero folk, com ritmos brasileiros, como bossa nova, samba e ijexá. O pianista e arranjador falou ao portal da amizade com Corey e sobre o processo de construção da sonoridade do EP.

— Conheci o Corey quando ele estava começando a despontar. Ele gostou muito do meu trabalho e fizemos vários outros juntos. Quando voltei para o Brasil continuamos trabalhando a distância, teve um que fui para Nova Iorque gravar com ele e ele ficou lá em casa uma época. Era impressionante o quanto ele trabalhava, cada dia ele aparecia com uma música. Ensinei alguns acordes de bossa nova e fomos desenvolvendo as músicas juntos. Eu queria representar nesse EP um gringo chegando aqui pela primeira vez, mostrar as vertentes de música brasileira num mesmo trabalho, de forma autêntica, que cada música tivesse uma característica brasileira mesmo. Peguei as composições dele e comecei a esboçar os arranjos, buscando como encaixar nos nossos ritmos A ideia era chamar esses músicos fantásticos e a gente criar juntos. Foi bem marcante.

Ficha técnica

Corey Kilgannon: Voz, viola caipira, violão, palmas e sinos
Alexandre Lunardelli: Piano, arranjos e direção musical
Gabriel Barbalho: Trompete/Flugelhorn
Rafael Calegari: Baixo
Alexandre Damaria: Percussão/Efeitos
Fábio Mello: Flauta/Saxofones
Neno Moura: Bateria
Eduardo Pimentel: Violão
Marcelo Portela: Rabeca
Carlos Schmidt: Trombone
Coro da Casa da Tita: Coro
Davi Tekle Scherer: Produção executiva
Paulo Costa Franco: Captação e mixagem (Ouié Estúdio)
Torrey Richards: Masterização

Foto: Bruna Sonda

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

Um comentário

  1. Arrasaram, o ep tá lindo demais!

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