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Entre fevereiro e julho deste ano, o compositor e multi-instrumentista João dos Santos, de Criciúma, encerrou um bloqueio criativo lançando uma faixa por semana, totalizando 20 singles, sem seguir nenhum estilo específico. Mas como alguém que estava sem vontade de escrever e até mesmo tinha perdido o prazer de ouvir música conseguiu produzir tanto? João abandonou um álbum em que vinha trabalhando, mas o processo não trazia mais satisfação, então teve a ideia de procurar uma composição antiga e acabou encontrando rascunhos para outras canções. Como o material era muito diverso para juntar em um álbum, o artista começou a criar mais e mais, sempre de improviso, experimentando tudo o que tem à disposição, e chegou nesse repertório, que está disponível nas plataformas digitais. “Esse foi o impulso, de tentar me livrar daquela sensação que aquele álbum estava me dando, de voltar a curtir fazer música, fazer as coisas de um jeito mais solto”, afirmou ao portal.
Para quem acha que compor, tocar, gravar, mixar e masterizar as 20 faixas foi a pior parte do projeto, se engana. Além de cuidar de toda a questão musical sozinho, João dos Santos também cuidou da parte de publicação e divulgação, processo que foi exaustivo para o artista, que está dando um tempo das redes sociais. O saldo desse projeto, segundo o músico, foi ter encontrado a sua verdade como compositor. O clique aconteceu quando escreveu a canção de número 14, “Além das palavras”. João sempre buscou um estilo mais técnico, mas descobriu que a simplicidade é o caminho para a liberdade artística, processo que já tinha iniciado com “Reverter”, parceria com Gelson Barrichello divulgada em julho de 2022.
— Eu percebi que antes estava tentando fazer um negócio que era muito cerebral, na real a gente tem que fazer a música que está dentro da gente, que sai de uma forma natural. A partir da #14, as que fiz depois era só curtindo, me divertindo, essa sensação de estar solto de novo, de saber quem que eu sou dentro da composição, o que coloco pra fora e sei que é de mim mesmo. Foi libertador. Acabei tendo mais segurança na composição, voltei a ter amor e prazer em ouvir a música e novos álbuns, a prestar atenção nos detalhes, de timbre, de arranjo, as direções das melodias. Eu estava pensando tudo de uma forma muito técnica, quando voltei a tocar de uma forma bem livre me ajudou bastante. Não pensar pra tocar é a melhor coisa que tem.
