Luis Canela estreia em EP com trabalho de primeira grandeza

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O ano de 2021 serviu para o cantor e compositor Luis Canela, conhecido pela participação nos projetos Felixfônica e No Dorso do Rinoceronte, voltar aos holofotes. Ainda que nunca tenha parado de produzir, o músico apresentou os primeiros singles como artista solo nas plataformas digitais, “Cristal” e “Roda da fortuna”, além de relançar o álbum “Coleção” (de 2010), com gravações instrumentais ao lado de nomes como Alegre Corrêa, Luiz Gustavo Zago, entre outros. Neste ano, mais uma faixa divulgada, “Caça-níqueis”, e em setembro veio a estreia em EP, com “Canela”. O material traz duas composições em parceria com Emilio Pagotto, além de “Apertem os cintos, o redator sumiu”, de sua autoria, que ganhou um videoclipe com imagens de Natália Poli e finalização de Ismael Godoy. 

Exigente com a própria obra, o cantor e compositor mexeu e remexeu nessas músicas até chegar ao resultado que se escuta em “Canela” — parte das gravações foram realizadas na casa do artista e também no Estúdio Um Lugar, com masterização de Alécio Costa. O EP conta com as participações de Ubrother UB na percussão, Carlos Schmidt nos sopros, Rafael Calegari no baixo, além das vozes, guitarras, violões, viola caipira, percussões e sintetizadores gravados por Canela. Um trabalho de arranjos sofisticados, com raízes na música brasileira e que passeia por samba-canção, marcha-rancho e até o rap, como em “A curva do rio”, que fala sobre as inquietações e desilusões, os medos e sonhos vividos pelo cantautor, que é transplantado, durante o processo de isolamento da pandemia da COVID-19.  

“Cartolinas digitais” refiz guitarra, refiz voz, ganhou mais corpo, ela tem uma letra incrível, que fala das redes sociais e a da nossa relação com isso, e está com um retorno bem legal. Ela é moderna, ficou meio jazz, com um arranjo mais legal. “A curva do rio” usei a base dela para refazer, a letra dela é bem atual, de uma esperança, do que vai vir depois, e tem esse rap no meio que acho muito legal. “Apertem os cintos” é a música que fala de cinema, compus ela em cima dos nomes de filmes, fazendo essa analogia com o momento do país, conseguir amarrar dentro disso e ela desenvolveu uma letra crítica. Era uma música que eu vinha trabalhando desde 2019.