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O processo de gravação de “Guarda-volumes”, primeiro álbum de estúdio da Parafuso Silvestre, vem apresentando uma série de novidades para a banda, que é formada por Taro Löcherbach (voz e guitarra), Bruno Arceno (baixo e guitarra), Julio Victor (guitarra e baixo) e Juarez Mendonça Júnior (bateria). A primeira, e mais significativa, é a transição para um som mais direto, com características pop, mas sem perder a identidade que constitui a música do quarteto: arranjos elaborados, letras abstratas e produção refinada. Outra diferença em relação aos trabalhos anteriores é que o disco está sendo feito no estúdio do grupo, em Florianópolis, o que dinamizou o trabalho de criação da banda, conhecida pelo perfeccionismo. “Desastres naturais”, quarto single divulgado desse novo material, lançado nesta quarta-feira (27) nas plataformas digitais, com direito a show acústico na mesma data, na Sala Multimídia do MIS/SC (Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina), no CIC (Centro Integrado de Cultura), e traz pela primeira vez a Parafuso Silvestre interpretando uma canção de outro artista em uma gravação.
“Desastres naturais” tem letra e música de Jean Mafra, cantor, compositor e DJ que, além do seu trabalho solo, foi vocalista da Samambaia Sound Club nos anos 2000 e de projetos como Bonde Vertigem e A Tensão Plena. O principal desafio desse single, de acordo com o guitarrista Julio Victor, foi adaptar a canção para que Taro Löcherbach cantasse ao lado de Mafra. Passada a surpresa de escutar uma voz diferente, ainda que conhecida, sob o nome Parafuso Silvestre, o arranjo feito pela banda transformou “Desastres naturais” em algo seu. “Acredito que foi um desafio para a banda, especialmente para o Taro, interpretar uma melodia que é muito própria do estilo de composição do Jean, o jeito dele de articular as pausas e os versos. Foi uma coisa nova escutar a voz do Taro em um contexto melódico e musical diferente das composições dele e testemunhar esse processo de ele se adaptando. É uma canção do Jean, com o estilo dele, mas vestida de Parafuso Silvestre. Foi um projeto bem sucedido e bacana de fazer”, comentou Julio Victor.
Autor da música, Jean Mafra afirmou que “Desastres naturais” reflete alguém com o coração dilacerado que colocou as vísceras na canção. O artista escreveu a melodia de voz e a letra em 2021, sem a pretensão de mostrar para alguém. Quando Taro Löcherbach tomou conhecimento da composição, avisou o parceiro de que a faixa seria gravada pela banda. O contato foi retomado neste ano, quando a Parafuso Silvestre começou a trabalhar no seu estúdio. “Acho que eles entraram dentro do meu universo inteiros, essa música concilia essas duas possibilidades artísticas tão diferentes. O amor também é ceder. A gente está se entendendo de uma maneira muito bonita, para além da música. Foi um processo muito afetivo. A letra é forte, tem uma poética muito direta. E eu não sei se acredito nisso que escrevi, queria discutir essa perspectiva liricamente. É muito curioso que essa música vai sair num momento em que eu tenha me agarrado tanto e acreditado tanto no amor, mas com isso, em momento nenhum, jamais consigo negar o corpo e o desejo”, explicou Jean Mafra.
Ficha técnica
Áudio
Voz: Jean Mafra
Voz e guitarra: Taro Löcherbach
Guitarra: Julio Victor
Baixo e guitarra: Bruno Arceno
Bateria: Juarez Mendonça Júnior
Letra e música: Jean Mafra
Arranjo, programação de samples e instrumentos virtuais: Parafuso Silvestre
Captação: Jz Produções e Parafuso Silvestre
Mixagem e masterização: Rafael Pfleger
Produção musical: Parafuso Silvestre e Rafael Pfleger
Produção executiva: Luanda Wilk
Arte gráfica: Laser Demon (Julio Victor)
Foto: Elisa Imperial
“Flor” deve ganhar HQ no futuro
O conceito de “Guarda-volumes” excede a música. Toda a identidade visual do projeto, a cargo do guitarrista Julio Victor, que também é ilustrador e assina como Laser Demon, foi pensada para conversar com as letras do álbum. Mas não só isso. Assim como na parte sonora, o processo de criação das artes persegue o objetivo de simplificar. A ideia de utilizar os seus estudos de anatomia para as capas dos singles partiu da produtora executiva Luanda Wilk. “As artes antes eram iguais as músicas, complexas, eu levava meses desenhando e colorindo até chegar na ideia que eu queria passar. A relação agora é bem mais indireta, mas ela existe de certa forma. “Guarda-volumes” é sobre colocar as coisas da banda que estavam guardadas para rodar”, revela o artista visual.
Para além do álbum e dos shows do DVD acústico, a Parafuso Silvestre está desenvolvendo uma HQ (história em quadrinhos) baseada na música “Flor” (2017). Proposta aprovada pela Lei Paulo Gustavo — LPG D+ SC/2023, Edital de Chamamento Público Nº 37/2023, o projeto de experimentação prevê documentar o processo de produção de um roteiro para esse material, que foi idealizado em princípio como um videoclipe em animação e é um dos planos da banda para o futuro. “Será uma HQ silenciosa, sem falas, inspirada na música “Flor”. Vamos mostrar a documentação desse projeto, como foi feito o roteiro, o desenvolvimento dos personagens e algumas páginas, se tudo der certo. Toda vez que abre um edital a gente para e anda um pouco mais para frente. Agora alguma coisa vai acontecer nesse sentido, se não a HQ completa, o começo dela, e podemos finalizar em outro projeto”, informou Julio Victor.