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Rifferama Entrevista: Tom Custódio da Luz

Foto: Web Mota

O catarinense Tom Custódio da Luz, 22 anos, faz parte dessa nova safra de compositores que está despontando no cenário nacional. Apadrinhado pela cantora Mallu Magalhães, Tom, que também é escritor, atualmente mora em São Paulo, onde divulga o seu primeiro disco, “Fuga”, lançado pelo selo Albornoz no ano passado. Entrevistado pelo Rifferama, o músico revelou detalhes sobre a sua carreira.

Rifferama – Quando tu começou a compor? Quais são as tuas influências? Fala um pouco do processo de gravação do teu primeiro disco.

Tom Custódio da Luz – Eu comecei a compor quando tinha 14 anos, isso lá por 2005, 2006. Desde então as influências foram mudando, mas foram menos substituídas umas pelas outras do que agregadas num todo. Hoje acho que tudo o que me inspirava lá atrás ainda me inspira, quem sabe menos e mais indiretamente, mas ainda hoje algo do meu critério de estética e da minha busca pela beleza das composições deixa clara a minha paixão antiga por Oasis, Strokes, Legião Urbana, Los Hermanos, Green Day, etc.

Sobre o primeiro disco, as gravações foram feitas no decorrer de 2011 e foram muito demoradas, porque eu morava em Florianópolis e cursava Psicologia na UFSC e gravava em Itajaí, então só podia gravar no fim de semana, dividindo o tempo com o resto das coisas que eu tinha que fazer. Foi demorado, mas foi bom. Os próximos serão melhores, eu acho, porque o tempo foi passando e eu fui ganhando uma certa maturidade musical que me deixa muito mais à vontade para por a mão na massa do que antes.

Rifferama – Qual a motivação para a tua mudança para São Paulo? Como está sendo a vida aí?

Tom Custódio da Luz – Me mudei pra São Paulo com o intuito de tentar fazer da música uma profissão e me pareceu que aqui seria mais fácil de isso acontecer do que em Santa Catarina. Está sendo boa a vida aqui, radicalmente diferente do que era em Floripa. Em princípio tive medo da cidade, gigantona como é, e da bagunça, da pobreza, enfim, mas está sendo ótimo. Venho descobrindo coisas maravilhosas e conhecendo pessoas que gostei muito de encontrar.

Rifferama – Gostaria de saber como as pessoas estão recebendo o teu novo clipe, “Damien” (veja abaixo)?

Tom Custódio da Luz – Os comentários que vejo são quase sempre positivos. Percebi uma certa indisposição de alguma ou outra pessoa para com o meu compromisso com o que eu fizera antes, já que este clipe tem um apelo muito diferente do meu primeiro (E agora, Tião?). Mas no geral tem sido muito boa a recepção.

Rifferama – Como foi essa tua aproximação com a Mallu Magalhães? O que achas do trabalho dela? Vocês trocam ideias? Achas que podes pegar uma parte do público dela?

Tom Custódio da Luz – O meu diretor artístico na época do nosso encontro tinha trabalhado alguns anos com ela e eles mantinham contato. Ele achou que as propostas musicais eram parecidas e resolveu tentar uma aproximação que rendeu um show em Itajaí, inclusive o primeiro show do meu disco, “Fuga”. Em geral o encontro de pessoas com interesses similares gera bons frutos, então foi muito bom ter tido essa experiência.

Quanto ao público dela, é certo que uma parte dele teve acesso ao meu trabalho por causa disso. Essa “rotatividade”, em falta de uma palavra melhor, é muito importante. Aqui em São Paulo mesmo fiz duas parcerias num show de um tremendo cantor (Lineker), que depois convidei para me acompanhar no show que fiz aqui no mês passado: dessa forma o público de um vai conhecendo o trabalho do outro.

Tom e Mallu já se apresentaram juntos em Itajaí. Foto: Reprodução/Facebook

Tom e Mallu já se apresentaram juntos.
Foto: Reprodução/Facebook

Rifferama – Tens muitos fãs no Facebook. Qual é hoje o papel das redes sociais para a divulgação do trabalho de um artista? Como é o contato com os teus fãs?

Tom Custódio da Luz – Acho que é inevitável que elas sirvam como ferramenta para a divulgação do trabalho de artistas. É possível fazer um uso delas sem gasto nenhum, e como mesmo o artista que não pode pagar por uma divulgação pelos grandes meios de comunicação também precisa ser divulgado, as redes sociais vêm como uma solução – meia boca, mas uma solução.

Sem dúvida a parte mais bacana de se usar as redes sociais é poder conversar com as pessoas que gostam do teu trabalho, ou que não conhecem e perguntam o que é e depois voltam para falar o que acharam. No meu show do mês passado, por exemplo, conheci uma pessoa com quem já vinha me comunicando há meses pelo Twitter; no show que fiz na FNAC do Rio aconteceu a mesma coisa. Se as redes não servissem para mais nada, essa utilidade sozinha já faria delas algo interessante. E esse contato é ótimo, as pessoas, se se dão o trabalho de escrever um comentário, mandar uma mensagem, já estão assumindo um interesse, seja negativo ou positivo, e entrar em contato com isso é muito bom.

Rifferama – Quais são as tuas perspectivas para o futuro? Já estás gravando um novo disco? Estás pronto para a prova do segundo disco?

Tom Custódio da Luz – Bom, em princípio e mais intimamente a pretensão é a de gravar um disco – que, apesar de já haver composições que o pudessem compor, ainda não está sendo gravado. Eu tenho uma urgência pessoal de fazer o meu segundo disco, mas o meu primeiro ainda precisa ser apresentado. O meu primeiro show com ele aqui em São Paulo aconteceu mês passado, no Rio não faz mais de três, quatro meses. Eu já tinha apresentado ele em SC, só que preciso correr com ele aqui também. Mas o segundo está no gatilho.

Não tenho certeza se entendi a pergunta do segundo disco, mas se entendi certo não tenho medo, não. Eu estou muito feliz que a minha criação esteja mudando do jeito que esteja, então não receio a resposta do público a ela. O segundo disco é só um projeto futuro que ainda não foi iniciado, nem teria razão para ter preocupações com a resposta do público a ele agora. Eu estou compondo coisas novas e estou gostando do que tem saído. Espero que as pessoas encontrem algo de que elas gostem nessas músicas também.

Rifferama – Como fã de Oasis e Green Day, queria saber quais são os teus riffs preferidos?

Tom Custódio da Luz – Adorei a pergunta. Nunca me perguntaram isso antes. Deixa eu ver… Como tu falou do Green Day lembrei daquele baixo no começo da música “Longview”, que é legal. Tem aquele solo do início de “Vision of Division”, dos Strokes, e as outras deles: eu não resisto aos riffs (e aos solos e a todo o resto) dos Strokes.

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

8 Comentários

  1. Por razões óbvias (81 anos) não entendo a música, mas admiro a melodia e a apresentação.

  2. Tive o prazer de ir no show do Tom no Rio, é perfeito!!!
    Como disse o Marcelo Ricardo no comentário "fico Tomcustodiando" todos os dias... além de ótimo cantor/compositor, os textos também são incríveis.
    Enfim, cativado pelo talento.

  3. Bela entrevista, 12!

    Bom compositor.. pena que o cara carrega muita influência da Mallu Magalhães quando canta!

  4. Já posso dizer que fico Tomcustodiando o tempo quase todo. O cara é muito sensível, prodígio e sutil demais, não tinha como não ouvir sob a mira do reapet. Do Outro lado do Morro é minha predileta os vocábulos, o ritmo, a perspicácia dela são cativantes. Enfim, me fez fã. Fazer né?

  5. Conheci o trabalho dele faz uns 2 meses já por meio do Facebook e me apaixonei perdidamente pela voz e as melodias dele. Tom é um ótimo artista e tem um grande potencial. Espero assistir algum show aqui em Recife!

  6. Além do nome ser uma graça, tem uma música de sambinha muito boa!
    Pra mim ele é mais que fã da Mallu, quase uma versão masculina dos sons que ela faz!

  7. Eu fico de cara com o tanto de coisa boa que está sendo produzida. Uma pena que a gente tem que se envolver com tantas coisas durante o dia, e o que acaba chegando aos nossos ouvidos e ao coração é muito sujo e suja realmente. Se não fosse essa entrevista (apresentação) do Rifferama, o Tom Custódio da Luz ia passar batido por mim e por tantos outros. Então, assim, percebemos a importância que um blog como o Rifferama possui.

    • Ótima entrevista! Concordo com o comentário de Gabriel do Nascimento. Realmente torço para que Tom e o dom-arte de sua música e voz sejam sempre mais conhecidos e sejam amplamente divulgados. Tenho a alegria de conhecer o Tom desde garotinho.

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