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Showcases, cena e movimentos: a ecologia do TUM Festival

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Um dos objetivos da Conferência de Música e Inovação do TUM Festival, que terá convidados e palestrantes de dez países (confira a programação completa) é contribuir para a construção de uma cena sustentável em Santa Catarina, promovendo o intercâmbio entre profissionais do mercado da música e colocando os artistas e bandas daqui, do país e também de fora do Brasil em contato com essas pessoas, seja na rodada de negócios ou por meio dos showcases. Um dos pilares para a consolidação de uma cena é a circulação, que está diretamente ligada à formação de público, e são nos showcases que muitas portas podem ser abertas. É a chance de tocar para uma plateia seleta de profissionais da música, diretores de festivais, curadores, formadores de opinião e contratantes de show. Na sexta edição do TUM, que acontece entre os dias 4 e 12 de novembro, em Florianópolis, serão 24 apresentações de nove estados brasileiros e também da Argentina, da Colômbia e do Paraguai — datas e horários no fim da publicação.

Uma das atividades da conferência trata desse tema. Na próxima sexta-feira (10), das 19h às 21h, na Sala de Cinema Gilberto Gerlach, no CIC (Centro Integrado de Cultura), Ana Laura Diaz, do Festival Magnólia (Chapecó), e Eva Figueiredo, do Filhas e Filhes de Eva no Jardim das Delícias, bloco carnavalesco de sopros e percussões formado por mulheres e pessoas não-binárias. A mediação é de Pena Schmidt, um personagem central na história da música brasileira. Com mais de 50 anos de atuação, o produtor musical, engenheiro de som, diretor artístico (a lista é grande)… viu muitas cenas e movimentos surgirem pelo Brasil. Trabalhou com artistas e bandas como Walter Franco, Rita Lee, Mutantes, Titãs, Raul Seixas, Legião Urbana e muitos outros. Em contato com o Rifferama, Pena Schmidt falou sobre a diferença entre cena e movimento e deu como exemplo a música paraense para explicar como essa esses organismos se formam.

— Cena é como se fosse uma ecologia, um conjunto de coisas que vivem juntas formando um sistema ecológico. O funk hoje é um movimento, uma coisa muito maior, tem muito mais geografia, se espalhou pelo país e tem uma cadeia produtiva profissional. Cena tem a ver com local. Quando meia dúzia de bandas se junta para fazer uma atividade coletiva geralmente elas estão fazendo parte da mesma bolha, disso gera um resultado que é bom pra todo mundo e dá uma ampliada no alcance de cada uma. Um exemplo disso é a cena do Pará. Tem muito a ver com o trabalho da Rádio Cultura, que tinha um estúdio de gravação e deixava ele ser usado por artistas novos. A rádio ouvia as gravações e botava no ar. Nesse processo alguns artistas começaram a despontar e foi se criando uma cena, começaram a acontecer shows, fizeram um prêmio da música estadual e pela primeira vez se juntaram artistas muito diferentes que não se conheciam. Os artistas ganharam projeção por causa disso e criaram uma identificação a partir dos seus ritmos locais, da sua cultura, da sua estética. Criou-se uma identidade que passou a ser conhecida dos artistas do Pará. Identidade é muito importante na possibilidade de se construir uma cena. Tem que ter coletivo, tem que ter apoio. É preciso fomento, subsídio, incentivo. O agro é forrado de subsídio para poder sobreviver, por que na música não pode ter também? Temos que partir para a briga para conseguir isso. Precisa ter teatro, precisa ter festivais com uma grana para poder acontecer, há a necessidade de se adubar o terreno para que uma cena possa ser construída.

Programação Showcases

9 de novembro (Quinta-feira)

20h40 — Choro Mulheril (SC) – Teatro Ademir Rosa (CIC)
21h30 — Dessa Ferreira (RS) – Palco Bugio
22h25 — Grillo e os Mosquitos (SC) – Palco Bugio
23h20 — Vitor Soltau (SC) – Palco Bugio

10 de novembro (Sexta-feira)

21h15 — Filhas e Filhes de Eva no Jardim das Delícias – Teatro Ademir Rosa (CIC)
21h30 —
Poly Fiction (Paraguai) – Palco Bugio
22h25 —
Octavio Cardozzo (MG) – Palco Bugio
23h20 —
Fabiola Liper (CE) – Palco Bugio

11 de novembro (Sábado)

18h30 — Natalia Carreira (DF) – Teatro Ademir Rosa (CIC)
19h10 — Amanda Cadore (SC) – Teatro Ademir Rosa (CIC)
19h50 — 50 Tons de Pretas (RS) – Teatro Ademir Rosa (CIC)
20h30 — Augusta Barna (MG) – Teatro Ademir Rosa (CIC)
21h10 — Flor Et (RS) – Teatro Ademir Rosa (CIC)
21h50 — Apolypse Cùier (SC) – Teatro Ademir Rosa (CIC)
22h30 — Dafbe Usorach (Argentina) – Palco Bugio
23h20 — El Yopo & Nico Junca (Colômbia) – Palco Bugio
0h10 — Starlite Galáxia (Colômbia) – Palco Bugio

12 de novembro (Domingo)

15h — Cidrais (PR) – Palco Miramar
15h50 — RAWI (PA) – Palco Miramar
16h40 — Cronixta (SP) – Palco Miramar
17h30 — Renato Luciano (MG) – Palco Miramar
18h20 — BRazz’nRAP (RS) – Palco Miramar
22h — Nouvella (SC) – Palco Bugio
22h25 — Soul de Brasileiro (RJ) – Palco Bugio

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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