O Rifferama tem o apoio cultural de 30 Por Segundo, Habrok Music e Mini Kalzone
O historiador e professor Rodrigo de Souza Mota abriu uma lacuna que não será preenchida após a sua partida precoce em 2018, aos 39 anos, Apaixonado pela arte e cultura de Santa Catarina, Rodrigo dedicou os principais momentos da sua carreira acadêmica (mestrado e doutorado) ao registro da música feita no estado, deixando dois documentos obrigatórios para entender como chegamos até aqui: “Rock dos anos 1980, prefixo 48: um crime perfeito” (foto), sua dissertação publicada em 2009 que acabou virando livro seis anos depois, e a tese “Mané beat – coletividade e identidade musicais em Florianópolis (1994–2016)”, que o rendeu o título póstumo de doutor em História pela UFSC.
A sua tese explora o termo que ganhou força nos anos 90 e foi adotado por algumas bandas da região como Dazaranha, Iriê, John Bala Jones (na época se chamava Rococó), Phunky Buddha, Primavera nos Dentes, Sallamantra, Stonkas y Congas e Tijuquera — personagens do clássico documentário “Sete mares numa Ilha”, de Kátia Maheirie e André Gassen. Na sua pesquisa, o historiador aponta como as músicas desses artistas se relacionam com Florianópolis e o manezinho. A pedido do Rifferama, a ex-companheira de Rodrigo, Égide Guareschi, escreveu um depoimento sobre o envolvimento do professor com a cultura local.
— “I listen to catarinense music” – a frase de uma das camisetas favoritas do Rodrigo traduz muito daquilo que ele pensava. Era apaixonado pela música local (com destaque para o rock) e fazia questão de demostrar esse amor a todos que conhecia, em especial, aos seus alunos, com os quais desenvolvia projetos, tocava baixo e alimentava neles o encantamento pela música autoral local e regional. Rodrigo gostava de garimpar as raridades musicais, de conversar com os músicos e compositores, de valorizá-los, de buscar saber detalhes acerca das letras, das bandas e dos movimentos musicais da cidade de Florianópolis. Esse interesse pela música tornou-se seu objeto de estudos no âmbito acadêmico, desenvolvendo pesquisas sobre o tema de modo muito cuidadoso (mestrado e doutorado). Deixando-nos, assim, um belo registro da história e da identidade dos florianopolitanos, lida por meio das músicas locais.
“Mané beat – coletividade e identidade musicais em Florianópolis (1994–2016)”
Foto: Letícia Alló