Foto: Vitor Ebel
Poucas vezes esperei tanto para ouvir um disco como “Stop Momentum”, álbum de estreia da Cobalt Blue, que será lançado oficialmente no dia 28 de abril em todas as plataformas digitais. Acompanho a banda desde 2013, quando conheci o EP “Still a Natural Condition”. Na época, o grupo liderado pelo vocalista, guitarrista e produtor Júlio Miotto era um trio e praticava um som pouco diferente do de hoje, mais ambiente/post-rock.
O experimentalismo foi mantido no novo trabalho, mas a Cobalt Blue agora soa mais próxima do rock progressivo. A versatilidade vocal na faixa de abertura “At Due Gesture” (que música!) sugere logo de cara que o Mars Volta é a principal influência de Miotto, que produziu, mixou e masterizou o disco, e também gravou as guitarras, baixos e teclas. Apenas a bateria de Felipe Canan (captada no Magic Place) não foi registrada no seu home studio, o Calamar Sounds.
Além da potência sonora obtida em “Stop Momentum”, o que mais impressiona no álbum é a maturidade das composições. Riffs e mais riffs cavalares, ótimos vocais e arranjos com espaço para participações grandiosas, como os metais em “Cataclysm”, por Julian Brzozowski (sax tenor) e Lucas Romero (trompete). Contribuíram com o disco, também, os seguintes músicos: Alexandre Lunardelli (órgão hammond), Guilherme Colossi (guitarra), Alexandre Piazza (baixo), Fábio Mello (sax tenor) e Tom Idê (trompete).
“Drops n’ Doors” mostra toda a sensibilidade do vocalista em dos momentos mais bonitos do álbum e abre caminho para a pedrada “Catalyst”, talvez a música mais antiga desse repertório, já que a demo foi divulgada em janeiro de 2014. O baixista Alexandre Piazza, que integrou brevemente o grupo, e o guitarrista Guilherme Colossi, da primeira formação, gravaram a faixa. “Circadian Clock” é outro destaque, com um encerramento avassalador, com dueto de guitarra e trompete (por Jean Carlos, da Brass Groove Brasil).
Sem medo de errar, afirmo que a Cobalt Blue gravou um dos melhores discos do rock catarinense e não acredito que “Stop Momentum” será superado em 2017 por aqui. Duvida? Sugiro assistir o grupo ao vivo, que conta ainda com o guitarrista Felipe Oliveira Gall (Space Chicken & the Eggs of Disaster), o baixista Fábio Ghizoni e o percussionista Felipe Martínez. Fazer comparações é perigoso, mas esse nível de excelência no progressivo foi alcançado apenas pela Stormental, maior banda do estilo no estado. Os mais de três anos de espera valeram a pena. Ainda bem.
SONZERA