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Arthur Rodrigues é um jovem brilhante, aquele cara que pode ser chamado de diferentão (no bom sentido), sabe? O vocalista e guitarrista da AlphaJorge cresceu ouvindo Frank Zappa, southern rock e progressivo e algumas das bandas preferidas dele ninguém nunca ouviu falar, como Umphrey’s McGee, Big Big Train e Dopapod. Além de conhecer muito de música, do ponto de vista musical e também do instrumento que toca (guitarra, mas também encara o baixo e o teclado com segurança), Rodrigues também conhece muita música.
Caçador de novidades, o músico devora lançamentos com diligência e, ano após ano, divulga a sua lista de melhores com os amigos: a tarefa é levada realmente a sério. Esse gosto pelo imprevisível se reflete também na sua banda. Quem já assistiu mais de um show da AlphaJorge sabe que o quarteto não repete o mesmo setlist. Nem mesmo o álbum “Storm Ahead”, executado na íntegra no seu lançamento no ano passado, será tocado novamente nesse formato. Mas o que mais chama a atenção mesmo é a música que Arthur Rodrigues faz. O já citado “Storm Ahead” é um clássico moderno do rock progressivo brasileiro e soa ainda mais incrível quando descobrimos que essa obra saiu da cabeça de um jovem de 20 e poucos anos.
Becca Stevens – Wonderbloom (2020)
Becca Stevens é uma das compositoras mais impressionantes da atualidade. Nos últimos anos, além de seus ótimos discos solo, tem colaborado com artistas e bandas do mais alto nível como David Crosby, Jacob Collier, Brad Mehldau e Snarky Puppy. Em “Wonderbloom”, lançado já no período de isolamento social no qual nos encontramos, Becca se aventura num pop ousado e moderno, com elementos de folk, funk e arranjos lindíssimos. Art pop pra ninguém botar defeito.
Semserteza – Ser Semserteza (2020)
Um dos discos catarinenses que mais me acertou em cheio nos últimos tempos. Além de belas letras, apresenta harmonias inteligentíssimas e um ótimo balanço entre as vozes de Léo Vieira e André Stahnke, contando também com diversas participações, contribuindo para um disco redondinho e emocionante. Destaque pra faixa “Abre, Abre-Alas”, com uma participação magistral de Dinho Stormowski na guitarra.
Big Big Train – Grand Tour (2019)
Conheci o Big Big Train em 2017, quando ouvi o terceiro álbum da banda, “Bard”, lançado em 2002. Me deixou uma boa impressão, mas nada que me fizesse ir correndo atrás do resto do material dos ingleses. Corta pra maio de 2019: a banda lança “Grand Tour”, aclamadíssimo por toda a mídia especializada em rock progressivo. Resolvo botar pra rolar “The Underfall Yard” (2009), o disco mais elogiado deles pra ver se é só hype ou se faz sentido todo mundo babar assim pra essa banda.
O resultado foi certo, fiquei 100% hipnotizado. “The Underfall Yard” me fisgou na primeira audição e já o considero um dos meus três álbuns preferidos da vida. Mas não estou aqui pra falar sobre ele, e sim, do mais recente disco dessa que afirmo sem qualquer hesitação ser uma das melhores bandas que o rock progressivo sinfônico já viu. Grand Tour é daqueles discos sem uma notinha fora do lugar do começo ao fim. Da voz emotiva de David Longdon na introdução “Novum Organum”, passando pelos arranjos de metais na poderosa instrumental “Pantheon” e as vozes entrelaçadas na épica “Voyager”, Grand Tour foi meu disco preferido do ano passado, um dos meus preferidos da década, e um álbum que eu simplesmente não consigo parar de ouvir.
Foto: Laís Welter
Bônus: AlphaJorge – Storm Ahead