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O guitarrista Raphael Günther, da Inverted Colors, de Jaraguá do Sul, é o tipo de pessoa que todo mundo deveria conhecer. Apaixonado por música e fotografia, sua profissão, é um grande fã de Satriani e especialista em black metal (aposto que seja o maior). Além das suas qualidades como instrumentista e compositor, que podemos comprovar nos três trabalhos da sua banda, lançados entre 2016 e 2020, Günther é um sujeito generoso e eloquente, seja falando ou escrevendo, e tem sempre algo de interessante para dizer. Uma honra compartilhar o seu conhecimento aqui no Rifferama.
Kamasi Washington — Harmony of Difference (2017)
O álbum que mais ouvi em 2020, de longe. Lindas melodias, solos memoráveis, banda em sinergia dentro da proposta, nomes simples para as músicas e um conjunto inspirador. O que mais me encanta na arte do Kamasi Washington é que, ao contrário de muitos músicos de jazz, ele não soa como alguém que está procurando a “terça menor do frígio de sol”, mas sim como alguém que está procurando a nota que vai lhe expressar melhor. Acho que é assim que deve ser.
Vasudeva — Generator (2020)
A mais agradável junção de math rock e post—rock que já ouvi. Saiu no comecinho da pandemia, e tem sido trilha sonora praticamente diária. Vasudeva deixou de lado os riffs com tapping e apostou em um som com muita ambiência, samples, camadas de sutilezas nos arrranjos e uma coerência impecável entre tudo isso. A sensação única que “Generator” me transmite é de que se pode ser ao mesmo tempo feliz, triste, calmo, nervoso, limpo, sujo, cheio, vazio… Os contrastes andam juntos, e a música aqui tem um poder mágico de ser exatamente como você precisa que ela seja.
Toe — For Long Tomorrow (2009)
Tem sido o álbum de conforto na pandemia. Quando não sabia o quê ouvir, caía aqui, e sempre funcionou. Sou há tempos fascinado por essa banda japonesa e acho que todo mundo devia conhecer. Principalmente o “For Long Tomorrow” e o “The Book About My Idle Plot On A Vague Anxiety”. É uma satisfação ver a dinâmica de banda, o domínio de tempo, a bateria que flutua solta, os arranjos de duas guitarras com poucas notas que geram melodias assobiáveis, o baixo marcando pesado. Toe vem de Testamentary Occasional Eudaimonism. Pra mim é o legado que a música deixa quando do seu ocasional sentir-se bem. Perfeito.
Foto: Jonathan Pellense
Bônus: Inverted Colors — Colorful Blank (2018)