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*por Luíza Mazzola
Lançado no fim do mês de junho deste ano, o recém-nascido « Sal » já se tornou um ponto incontornável na música catarinense. Raul Silter vem lançando, desde 2018, singles promissores como « Eu Sabia Que Você Existia », « Tombo » e « Vazante », bons sinais do que ainda estava por vir. Em 2020, mesmo na efervescência dos insólitos acontecimentos mundiais, o desejo por mais provocado pelos três singles foi, enfim, saciado: o músico nos presenteia com um lindo registro composto por nove faixas, dentre as quais uma intro e dois interlúdios, « Iv » e « Dança o Inevitável ».
Com produção de André Bresiani, o álbum conta com as capazes mãos de Bárbara Antônio na percussão, Henrique Rodrigues na guitarra e no violão, Pedro Bandeira no contrabaixo e Rafael Araújo na bateria, uma união providencial de grandes talentos que deu vida a um marcante e irretocável instrumental. Temos o prazer de ouvir também as belas vozes de Natália Vilaça, Marília Reginato, Nicolly Fragnani, Lindamir Henrique (mãe do músico) e Margareth Fernandes em algumas das faixas.
O resultado dessa confluência de energias distintas, porém harmoniosas, é uma obra intimista e, ao mesmo tempo, vibrante, com toques de MPB e folk que não recorre a rimas banais e misturas batidas de sonoridades cansadas. Pelo contrário, Raul Silter e banda sopram ares refrescantes em gêneros que têm certa tendência a recair em uma mofada monotonia. Trata-se, portanto, de um registro vicejante, que soa contemporâneo, ao mesmo tempo em que desperta em nós sentimentos que são velhos conhecidos, como o amor, o afeto, a intimidade e a vontade de se doar para alguém.
A atmosfera de sonho da intro « Intro/Deságue » nos apresenta o tom etéreo que estará presente por todo o áçbum, e é seguida pela inesquecível « A Liberdade do Rio é o Mar », que alterna momentos suaves e outros vibrantes. Em seguida, o interlúdio « Iv » introduz « Caiçara Love Song », em que brilha a límpida e vigorosa voz de Raul Silter. Ao chegar na quinta faixa, « Abismo », somos invadidos por uma doce melancolia, e o interlúdio « Dança o Inevitável » vem em nosso resgate. Destaco a introspectiva « Revérbero » e a doce « Se For São Que Seja », sétima e oitava faixas do disco, respectivamente, e minhas favoritas do registro. Por fim, reencontramos « Vazante », single lançado em 2018, que nos é reapresentado como a última faixa de « Sal », um retorno mais do que bem-vindo e a conclusão perfeita para um EP cujas faixas são tão delicadamente costuradas umas às outras.
O primeiro álbum de Raul Silter faz uma interessante aproximação entre o sal e a música, elementos que, de forma isolada, não concretizam seu potencial latente. É no contato, na mistura, na troca e na comunhão que o sal e a música se realizam. « Sal » é afeto, é tocar o outro, é aproximação, é um lugar onde podemos estar juntos, ainda que separados. É um doce e caloroso bálsamo para embalar dias de distância, saudade e solidão, algo tão necessário em tempos tão sombrios.
*Luíza Mazzola é professora de francês, tradutora, revisora, doutoranda em Literatura na UFSC, mas antes de mais nada, amante da música.
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Um trabalho encantador!!!
Que te faz pensar profundo, fechar os olhos e sonhar acordado... que toca o ser e muda o sentir!!!
Excelente trabalho!!
Amo muito as músicas dele