*por Matheus Jacques
Não à toa, Mad Head Machine ganha sua posição de destaque dentro do cenário do rock/metal catarinense: a banda oriunda de Joinville e formada no final de 2013 é uma raridade na safra local a misturar (com eficiência e precisão ressaltadas ao vivo) elementos do southern rock, stoner e metal. Apresentações em vários shows na cidade natal, no já tarimbado festival Congresso Bruxólico e o lançamento do novo EP no clássico teatro Juarez Machado constam na folha corrida do jovem trio.
Principalmente na cidade de Joinville, a banda é um dos poucos nomes a despontar dentro dessa amálgama de vertentes, juntando-se a também muito boa Arataca Stoned Farmers. Esses elementos já eram apresentados em doses mais contidas e “experimentais” em seu primeiro EP, homônimo, que saiu em 2016. Dentro da gama de influências que remetiam ao gênero, entre os nomes quase sempre obrigatórios a se apresentar nesse leque constavam Black Label Society, Motörhead e outros como Fu Manchu, a clássica banda americana de stoner rock dos anos 90.
Com o som transitando entre o rock ‘n’ roll/heavy metal ríspido e direto da banda de Lemmy, o “rock sulista” representado por elementos de nomes como Lynyrd Skynyrd e Black Label Society e a veia noventista estradeira de Fu Manchu, a Mad Head apresentava em quatro faixas uma empolgante sonoridade afeita ao peso, à velocidade e a atrativas melodias. No novo EP “Snakes”, o trio vai um pouco além. Com mixagem, master e captação feita no Estúdio Calamar, em Florianópolis, sob a batuta de Julio Miotto, o novo trabalho da banda ganha corpo, “presença de espírito” e convicção dando seguimento à evolução da trinca, ainda se apoiando na fusão de elementos que construiu um EP de estreia muito bacana, mas dando mais evidência e forma a cada ponto positivo apresentado pela banda. É notável principalmente o aspecto de sujeira extra dado ao material com um todo, mas principalmente no vocal de Henrique Silveira, que é também guitarrista da banda.
A faixa de abertura “Wild ‘n’ Loose” entrega um baixo estralando (dos principais elementos já no EP anterior) e uma performance que remete a uma parceria muito afinada entre Zakk Wylde e o stoner rock, som redondaço que se apresenta como uma peça-chave para puxar uma apresentação ao vivo de forma bastante empolgante. “Stoner Head” evidencia que a banda ainda consegue fazer pulsar uma alusão a sua sonoridade “motorheadiana”, mas sem que isso prenda suas mãos e os impeça de seguir adiante calcando seus passos e firmando suas bases em outras direções. Enquanto certas bandas firmam sua intenção apenas em cair em uma zona de segurança ao se aproximar vergonhosamente do seminal trio inglês de rock sem outro propósito que não plágio, a Mad Head Machine apenas joga isso como mais uma característica no caldeirão. Riffs e vocais estão sempre presentes na medida certa, sem exageros e sem intentos apelativos de se agarrar em saídas fáceis. Já presente no EP anterior como faixa de abertura, nesse novo trabalho “Kings of the New Days” é peça de encerramento e ganha uma versão razoavelmente mais empoeirada e crua.
Jogando cartas aparentemente bem calculadas e demonstrando saber bem onde pisa, a banda Mad Head Machine finalmente traz a sequência para seu primeiro trabalho, felizmente demonstrando que é capaz de jogar bem e trabalhar de forma muito satisfatória com elementos relativamente bastante batidos, sem soar com pretensa intenção de ser algo que teoricamente não é. Mas o que é afinal Mad Head Machine? Para mim, uma banda para, acima de tudo, se conferir ao vivo, onde sua potência é ainda mais ressaltada e admirável. E fora dos palcos, um som deveras divertido para se curtir bebendo umas geladas, com o volume no talo e vivenciando cada minuto!
*Matheus Jacques é produtor na Bruxa Verde, artista na Crochê Arretado e uma biblioteca ambulante do stoner rock.
Muito boa a resenha parabéns !!! Conheço a banda, e o novo EP é sensacional super recomendo para quem tem bom gosto e quiser curtir um rock/metal de qualidade !!!