asmargens-rifferama

As Margens de volta: mais inteligente, politizado e plural

O Rifferama tem o apoio cultural de 30 Por Segundo, Mini KalzoneCamerata Florianópolis, Biguanet InformáticaLord Whisky Distillery e TUM Festival


Contribua com a campanha de financiamento coletivo do Rifferama no Catarse

“Trap de terreiro”, single lançado na última sexta-feira (20), chegou em boa hora. Após quatro anos afastados da cena enquanto grupo, Ricardo Jovino da Silva (Insano) e William da Gama (Mensageiro do Asé), retomaram os trabalhos como As Margens com um objetivo. “O que a gente almeja é o nosso lugar de volta no rap de Santa Catarina”, sentenciou Asé. E nesse retorno, o público pode esperar uma nova proposta, tanto lírica quanto estética. Conhecidos pelo boom bap do álbum “Poesia preta”, de 2017, o duo está experimentando outros ritmos como o drill e o trap funk. As rimas de protesto, firmadas na ancestralidade e no discurso antirracista, ainda são o norte das letras do projeto. Mas a dupla quer mais. O As Margens quer fazer sorrir. “Não somos só um braço do movimento que está aí para protestar, só assimilar esse ódio, também queremos um pouco da felicidade. Queremos ver o pessoal feliz no fim da festa, não apenas aquela vibe pesada de protesto contra o racismo. Queremos ver os sorrisos”, ponderou.

Nesse período de inatividade do duo, formado em Biguaçu, Insano deu sequência a sua carreira solo, com destaque para os lançamentos do EP “Névoa”, em 2019, e do álbum “Imhotep”, que saiu dois anos depois. Mensageiro do Asé ficou afastado da música mesmo, se limitando apenas a compor ao lado de Rafael Góes (Rafal), terceiro elemento do As Margens e um dos fundadores do grupo. Em algum momento Asé e Insano se encontraram e viram que ainda tinham muita coisas para falar. “Trap de terreiro” foi produzida pelo DJ Neew, gravada no estúdio da KTP Records e foi mixada e masterizada por DJ TRICKPA. A capa do single é assinada pelo estúdio Balaclava. O single, uma faixa resgatada de sessões antigas, simboliza a força da ancestralidade que o As Margens carrega, incluindo expressões em iorubá, idioma bastante utilizado nas religiões de matriz africana. Em contato com o Rifferama, Mensageiro do Asé falou sobre o retorno da dupla e as expectativas para o futuro.

— O retorno do grupo vem da nossa necessidade de fazer arte mesmo, de se expressar, botar pra fora tudo o que a gente sente e passa. É todo dia um racista diferente no caminho. A gente se cerceou demais, se rotulou demais durante esse tempo do “Poesia preta”. Vamos vir com outra proposta, trazer essa música de protesto, de autoestima pros nossos iguais, mas também vamos falar de coisas boas, sobre tudo o que a gente quer e pode alcançar. Estamos com uma parceria forte e vai vir muita coisa interessante. Clipe, produtos, camiseta, bottons, coisas que a gente já comercializou e deu muito certo. Estou feliz pra caramba com esse retorno, era algo que se não acontecesse eu acabaria morrendo de tristeza. As Margens é tudo na minha vida. Foi um dos piores relacionamentos que eu já tive na vida para esquecer. Tanto que não deu. Passaram quatro anos e estamos aí de volta, com mais vontade do que nunca. E agora com planejamento, sabendo onde temos que botar o pé, passo a passo. Essa é uma versão mais inteligente, mais politizado e mais plural do As Margens. É dessa forma que a gente está voltando. 

Foto: Francisco Antônio

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

DEIXE UM COMENTÁRIO.

Your email address will not be published. Required fields are marked *