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Durante a pandemia, o violonista e compositor Gabriel Carneiro começou a olhar mais para a música da América Latina e, quanto mais estudava, mais se identificava e percebia semelhanças com ritmos brasileiros como o samba e o choro. “A sensação é que eu já tinha ouvido aquela música a vida inteira. A cultura popular desses países se desenvolveu do mesmo jeito”, falou ao Rifferama. Na hora de pensar em um parceiro para criar um projeto instrumental, não teve dúvida e chamou o uruguaio Marcelo Fernández (congas), com quem já tinha participado do Grupo de Percussão de Itajaí, do professor Rodrigo Paiva, e conhecido do Conservatório de Música Popular Carlinhos Niehues. Estava formado o Duo Prata ao Mar, que mistura o Alujá de Xangô com o candombe afro-uruguaio. O EP de estreia da dupla, lançado em novembro, foi realizado por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Itajaí (Edital 021/2023), com apoio do Instituto Sorrir.
Captado no Estúdio Café Maestro, em Itajaí, “Duo Prata ao Mar” tem quatro faixas, sendo duas composições de Gabriel Carneiro, “Solidão” e “Euforia”, e versões para “Canto de Xangô”, do clássico “Os afro-sambas de Baden e Vinicius” (1966), e o tema “Baile del candombe”, do folclore uruguaio, de autor desconhecido. A produção musical é de Ricardo Pauletti, que foi professor do violonista no conservatório. O EP se destaca pela execução, Carneiro e Fernández ensaiaram exaustivamente até chegar nas gravações finais, e também por essa fusão da cultura popular brasileira com a uruguaia. “As pessoas não sabiam o motivo de ensaiarmos tanto se a gente sempre mudava os arranjos, mas justamente por buscar isso, a música, que fale, interprete”, comentou Carneiro. Em contato com o Rifferama, o compositor informou que o objetivo é seguir com o projeto e se aprofundar na mistura do choro com o candombe. O músico também falou sobre a parceria com Marcelo Fernández e o processo de produção de “Duo Prata ao Mar”.
— Quando vi o Marcelo tocando e descobri que ele era do Uruguai, não tinha como não fazer alguma coisa com ele. Ele também é muito ligado à cultura negra brasileira, toca maracatu, samba-reggae, e quando estudamos no Conservatório, os dois queriam muito buscar novas sonoridades. A gente se dá muito bem tocando, estamos sempre pensando na música, em nos colocar nos nossos limites. Fiz essas músicas pensando num ritmo brasileiro chamado alujá, que rola naquela música “Xangô”. Quando toquei e fui entendendo o que era, passei isso pras minhas músicas e fez muito sentido tocar elas com o Marcelo. O Ricardo Pauletti tem muita bagagem e uma visão de onde a gente está na caminhada musical. Até umas ideias mais arrojadas que a gente teve no estúdio ele falava para fazer. Pretendemos continuar com esse trabalho, nos aprofundar no choro e no candombe, dois ritmos diferentes, mas que têm muito em comum, como toda a cultura da América Latina. Queremos circular com esse trabalho.
Foto: Lenon Cesar