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O MC Christian Machado Paiano, que atende pelo nome de EstiloLivreBiggs, tinha umas letras guardadas que não foram utilizadas nos seus álbuns, lançados em 2017 e 2021. No fim do ano em que divulgou “Pandemoinum/Shamballa”, o seu segundo trabalho completo, Biggs recebeu a visita do produtor Nnay Beats, e a dupla, que se conheceu pelo Instagram, começou a planejar um EP em parceria. O beatmaker de Gaspar lançou 15 instrumentais para Biggs escolher e escrever em cima, o rapper resgatou seis dessas composições que estavam na gaveta e canetou “A real é a real”, música que batiza o EP, disponibilizado no dia 28 de fevereiro nas plataformas, e fala da conexão entre os artistas. O material foi mixado e masterizado por Pizzol e traz um videoclipe da faixa título dirigido por Junior Darolt.
“A real é a real” apresenta um casamento perfeito da poesia suja de EstiloLivreBiggs com a produção refinada de Nnay Beats, que também atua como MC por meio de seu alter ego Dimi CL em “Palco principal”. Biggs rima (também) sobre sexo e drogas nas suas composições, mas procura se afastar dos clichês do do estilo. “O problema está em quando o artista fala somente das coisas externas esquecendo do seu eu interior, não pondo identidade, quereres pessoais e emoção na sua arte”, avalia. Em contato com o Rifferama, o rapper comentou sobre o encontro com Nnay Beats e o processo de criação do EP, um dos trabalhos que mais curtiu fazer, pela forma natural como as coisas foram acontecendo — essas composições antigas já tinham sido testadas sem sucesso com outras batidas e instrumentais.
— O Nnay já tinha ouvido uns trampos meus, ele estava procurando gente pra fazer um som nos instrumentais dele e jogou uma ideia pra mim no Instagram. Ele colou pra cá e a gente passou o dia ouvindo o som, trocando figurinha de rap, apresentando o que cada um curtia pro outro. Nesse dia a gente não gravou nada, mas no outro fizemos quatro sons e depois fui pra Blumenau finalizar. Foi um dos trampos que mais curti fazer, foi muito natural. Todas as músicas que já tinha e que não encaixavam em nada, foi casando, parceria que o bagulho foi feito para aquelas letras. Foi o projeto que mais me senti livre, o Nnay tem uma paciência fodida, sabe o que quer, mas entende o que a gente quer falar na hora, não é muito conservador, te dá liberdade para alterar alguma coisa e tem muita referência, conhece muita coisa. Nossas ideias fecharam.
Foto: Anna Pimentta
