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Keniano048, o Bruxo da Ilha, retorna com novo EP em 16 anos

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O rapper Felipe Ricardo Malagoli, mais conhecido como Keniano048, não quer mais perder tempo. Depois de muito trabalho para se estabilizar financeiramente e na sua profissão (é maricultor), o artista quer se reconectar com a cena e conhecer pessoas para além do seu segmento musical. São 16 anos entre o seu primeiro single, “Meu produto”, que ganhou nova versão com videoclipe, divulgado em agosto, e “O bruxo”, que saiu no dia 29 de setembro nas plataformas digitais. O material, produzido pelo beatmaker Rato Reverso, foi gravado nos estúdios Erreme e 74, com mixagem e masterização de Cla.p Music, parte do contexto e da perspectiva de um rapper manezinho que reivindica a magia da Ilha. O EP ressalta a sua forte ligação com Florianópolis, como nativo, e também apresenta as suas crenças e ideologia.

Keniano048 se viu tentado a voltar para o rap em 2016, após a participação no álbum “Favela convoca”, de Negro Rudhy. Nesse mesmo ano, o músico escreveu “A noite tá pra todos”, que faz parte do repertório de “O bruxo”. Em 2021, o artista integrou o coletivo Losotros, que lançou a cypher histórica “Sonora Guerrilha II”. O próprio apelido tem a ver com a cultural local, das pedidas. A alcunha dada pelos amigos Marcos Vinicius e Ricardo vem dos tempos de office boy, em que fazia tudo a pé. “Eu perguntava para a gerente, que era a minha parceira, se eu podia usar o dinheirinho da passagem para ir até o cliente para comer um lanche. Aí eu acelerava o passo e fazia tudo a pé. Numa brincadeira surgiu isso e adotei. É uma parada bem nossa, tem tudo a ver com esse contexto, da identidade que tenho com a região, a minha cultura”, explicou.  Em contato com o Rifferama, Keniano048 comentou sobre o seu retorno com “O bruxo” e novos projetos.

— A vida quando bate na porta é foda. Era tudo feito na raça, pegar o salário de office boy e pagar um microfone bem ruim parcelado para tentar ensaiar. Não tinha a quantidade de estúdios como temos hoje nem mídia digital para divulgação. Era tudo muito difícil, Santa Catarina sempre foi fechada para o hip hop e isso me fez brecar durante alguns anos. O meu retorno teve como principal inspiração o meu parceiro e irmão de longa data Negro Rudhy, que nunca parou. Eu via os trabalhos dele, indo para o caminho dos registros, da profissionalização, foi uma inspiração para eu expor as minhas ideias. Gostei muito de fazer esse EP e não quero parar mais. É uma coisa que me faz muito bem. Hoje um pouco mais estável no trabalho e financeiramente, consegui recuperar um pouco do tempo que perdi trabalhando muito. Quero melhorar a técnica vocal, conhecer novos produtores, estou conhecendo muita coisa legal, vai ser fundamental para que essa carreira artística tenha continuidade e só pare quando eu partir.


Foto: Bruno Ruy

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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